sábado, 6 de março de 2010

DOS FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA...

Há bem pouco tempo, numa almoçarada feita em casa do pai de um camarada Sarg.Aj.PA, aconteceu uma coisa levada da breca.
Eles convidaram-me para a última caçada ao coelho desta da época venatória mas eu, como estava um bocado adoentado, apesar de ter muita vontade em ir, o tempo piorou e resolvi não ir a essa parte, poupando-me para a segunda, que era nem mais nem menos, do que um arroz de lampreia feita por companheiro da nossa equipa, que se dizia especialista da coisa.
Tudo correu, os caçadores mataram uns coelhos e umas galinholas, enquanto eu prestava assistência ao Mestre da Culinária que não queria deixar os créditos em mãos alheias.
Há hora marcada, o pessoal dava os últimos retoques na composição da mesa fazendo um compasso de espera a aguardar que um outro companheiro que trabalha, é bom não esquecer que ainda há pessoal que trabalhe neste país, iniciasse a viagem de cerca de ¼ de hora, para juntar a lampreia ao arroz.
Quando foi chegada a hora, aí vai disto, lampreia para a panela.
Minutos depois, o famoso cozinheiro, após meia duzia de impropérios e num completo descontrolo, vociferou, só me faltava esta, está tudo estragado, dei cabo desta m.... toda.
Olhamos atónitos uns para os outros e perguntamos à uma: porquê?
Porque eu despejei a lampreia para a panela, depois pus um bocado de detergente no prato para o lavar, fui fazer outra coisa, esqueci-me, vi aquilo amarelo, pareceu azeite e despejei na panela.
Estamos lixados, e por cima a esta hora, só fazes m..., não tarda chega o Quim e não há almoço para ninguém.
O “cozinheiro”, desorientado que estava, em vez de estar quieto, ainda começou a mexer o arroz e tive que lhe mandar um grito para ele parar de mexer.
Afastámo-lo um pouco e fomos ver o que é que se podia aproveitar dali.
Então eu sugeri: vamos retirar a lampreia, pode ser que não esteja muito contaminada, fazemos outro arroz e pronto, alguém de imediato fez o reparo: e o sangue? o sangue não há problemas, matamos uma galinha, aproveitamos o sangue e siga a música, o dono das galinhas é que não deve ter achado a minha ideia muito interessante mas se assim foi, o que não acredito, também não se manifestou.

Começamos então a separar os bocados da lampreia, mas decididamente, eu não estava a gostar nada da “operação” e então perguntei: já alguém provou esta mistela? Já, disse um, e então? Está uma rica m..., estamos bem arranjados, para o que havia de dar a este gajo.

Provei e pareceu-me que ainda estava tragável e disse: isto está muito bom, já comi bem pior, vamos pôr isto ao vinagrete, ninguém diz nada e o Quim, que não sabe de nada é que se vai pronunciar.
Vocês vão ver, só temos que ter cuidado e não falar muito para não começarem a sair bolinhas pela boca, depois são dois em um, almoçamos e ao mesmo tempo fazemos uma lavagem ao estômago e se a coisa correr bem, como espero, para a próxima, quando a coisa não estiver tão boa como esta, sempre podemos dizer:

Faz falta um bocadinho de Sonasol, o pessoal riu-se e misturamos tudo outra vez, metemos a panela na mesa e entretanto chegou o Quim.
Claro está que a ansiedade subiu um pouco e demos a primasia ao Quim que, sem saber de nada, se serviu, seguido dos outros.
O Quim começou a comer e eu perguntei:
Então pá? Que tal? O cozinheiro presta para alguma coisa?
O Quim, olhou para mim desconfiado e perguntou:
Porque é que me estás a perguntar?
Eu lá respondi o que me veio à ideia:
É que para mim não está grande m..., tem piri-piri a mais.
O Quim tomou mais atenção ao sabor e respondeu:
Por acaso não, está mesmo no ponto, tanto no piri-piri como no sal, e eu nestas coisas estou atento.
A sentença estava dada, toda a gente comeu à grande e à francesa, limpamos com o fundo ao tacho e só passado mais de uma semana é que o Quim veio a saber o que se passou, mas continuou a dizer que estava bom.

Um PA nunca se atrapalha, mija na cama e diz à mulher que está a suar.

Loureiro/68

Sem comentários:

Enviar um comentário