sexta-feira, 15 de outubro de 2010

O "KANDY" QUE ABRIA O CANIL

"Aqui vou deixar uma história que se passou comigo, enquanto PA e depois de entrar para o corpo cinótécnico.

Sou o Ex 1ºCabo PA/TTCM 088144-k César e esta é a história passada com o meu espectacular Cão PA Kandy, que abria as portas dos canis da Cinófila das Bases por onde passou comigo, as quais não foram tão poucas quanto isso, porque andei de Base para Base muitas vezes, umas em diligência outras em exibições cinótécnicas, ou até exibições dos dias da FAP sempre como voluntário e com o Kandy como "camarada" inseparável.

Entre essas bases se podem contar, AM1, BA2, AT1/COFA, BA4, Esquadra 12 Paços de Ferreira, BA1 Exibições em Sintra entre outros sítios.

O que acontecia era que o Kandy esperto como tudo, ao ver que quando eu entrava e saia do canil tinha que levar a minha mão ao puxador da porta, lhe chamou a atenção para tal facto, e sem que ninguém soubesse, após todos terem saído da secção no AM1, (que foi quando isto começou a acontecer pela primeira vez), preparada uma marcha nocturna nessa noite, ao chegar-mos à secção para irmos buscar os cães, houvesse um rosnar/ladrar e vê-se o meu cão à porta na zona dos canis com um grande alarido entre os outros cães na secção.

Ora vai daí e como tinha sido a primeira vez, o Cabo César (eu) tá a "gramar" com as culpas por ter deixado o canil aberto, "piçada" para cima mesmo eu sabendo que não me tinha esquecido.

Magano do "bicho" fez-me aquilo mais duas vezes penso eu, até que comecei a desconfiar da situação e um belo dia fingi ir embora com toda a malta onde me escondi nos arbustos á espera do que se estava a passar, ou se era alguém a me abrir as portas ao "bicho" e eu sempre a comer à grande.

Surpresa minha quando a dada altura e depois de uma grande seca, vejo o Kandy a ir para junto da porta olhou fixamente a fechadura e depois num ápice a abriu com a boca, e ao mesmo tempo puxava a porta para trás saindo para a rua.

Para surpresa de todos quando contei a situação ninguém queria acreditar. Depois de eu o começar a incentivar o Kandy a abrir as portas mais vezes e ele ter aprendido rapidamente quando eu bastava dizer, "Kandy abre a porta" a qual ele abria com facilidade, a partir daí o Kandy passou a estar sempre em canis com fecho à chave e só assim o trancava em segurança.

Tenho camaradas que comprovam esta situação passada comigo, decorria o ano de 1989, após o curso de TTCM no AM1. Lógico que por onde passava (Bases), isto era uma atracção até porque não era de todo normal, aliás não me lembro entretanto de algo semelhante.

Ao meu Grandioso cão Kandy, Saudades de ti Amigo, ficas para sempre na minha memória.

A todos os meus camaradas de curso, camaradas que tive o prazer de conhecer durante os meus quase cinco anos na PA, a todos vós desde Praças Sargentos e Oficiais, bem ajam pela camaradagem que tive e saudações caninas.

Rui César, 1ºCabo PA/TTCM 88144-K "

Rui Elvas-ANPA

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A UNIÃO E A CAMARADAGEM NA PA!!!

Das histórias que já aqui contei, esta teve um gosto especial, onde o espírito de União e Camaradagem da PA ficaram bem patentes.

Numa Cerimónia realizada no IESM(Instituto de Estudos Superiores Militares) em Pedrouços - Lisboa, foi pedido -á EPA da BA6 que enviasse um Pelotão, de modo a formar a 2ª Esq.lha, juntamente com o então COFA. O ALF/PA Leal, maçarico, comandou o Pelotão. O CMDT das Forças em Parada era um Senhor Coronel de Cavalaria. Enquanto se tentava colocar as forças no devido lugar, o meu Pelotão ficou com a 3ª Secção em cima do lancil do passeio e os 2 últimos elementos da Secção numa curva - SURREAL, PARECIA UM PESADELO!!!!!.
De imediato informei o meu CMDT de Esq.lha, o então Sr. TEN/PA Troncão. Ao simular a Revista às Tropas em Parada pelo Senhor Presidente da República, o Senhor Coronel disse que queria falar comigo de imediato, porque aquilo parecia a "TROPA DO SAVIMBI" - pensei para mim: "...ele fez a m.... e eu é que pago". Retirei-me do Pelotão e desloquei-me junto do CMDT das Forças. O Sr. Coronel enxuvalhou-me de de cima a abaixo, a dizer que era inadmissível e que eu devia voltar para Tancos???!!!!!! - comecei a fazer contas para mim e a pensar: "... será que estamos na década de 80 e eu andei numa máquina do tempo????..."

Informei de imediato que na OTA, onde tinha tirado o meu Curso de Oficiais, tinham-me ensinado a falar com alguém mais antigo para o mesmo falar com o CMDT das Forças. O Sr. TEN Troncão, que não sabia o que se passava, deslocou-se rapidamente ao local onde me encontrava e frisou que já tinha avisado da situação e que os Camaradas do Exército e da Marinha tinham o mesmo problema de formatura.

Então o Sr. Coronel assumiu o erro e pediu desculpas pelo sucedido e por se ter dirigido a mim naqueles termos menos próprios. No fim da Cerimónia dirigiu-se ao nosso Autocarro e pediu-me novamente desculpa. Moral da História: o meu superior auxiliou-me de imediato, sem quaisquer problemas e o Sr. Coronel ficou a saber onde se faz a formação da PA actualmente, desde 1993.

AQUELE ABRAÇO QUE SÓ NÓS SABEMOS.

SAUDAÇÕES POLICIAIS. HONORAMUS PRINCIPIA.

MIGUEL LEAL
TEN/PA
BA6

sábado, 6 de março de 2010

DOS FRACOS NÃO REZA A HISTÓRIA...

Há bem pouco tempo, numa almoçarada feita em casa do pai de um camarada Sarg.Aj.PA, aconteceu uma coisa levada da breca.
Eles convidaram-me para a última caçada ao coelho desta da época venatória mas eu, como estava um bocado adoentado, apesar de ter muita vontade em ir, o tempo piorou e resolvi não ir a essa parte, poupando-me para a segunda, que era nem mais nem menos, do que um arroz de lampreia feita por companheiro da nossa equipa, que se dizia especialista da coisa.
Tudo correu, os caçadores mataram uns coelhos e umas galinholas, enquanto eu prestava assistência ao Mestre da Culinária que não queria deixar os créditos em mãos alheias.
Há hora marcada, o pessoal dava os últimos retoques na composição da mesa fazendo um compasso de espera a aguardar que um outro companheiro que trabalha, é bom não esquecer que ainda há pessoal que trabalhe neste país, iniciasse a viagem de cerca de ¼ de hora, para juntar a lampreia ao arroz.
Quando foi chegada a hora, aí vai disto, lampreia para a panela.
Minutos depois, o famoso cozinheiro, após meia duzia de impropérios e num completo descontrolo, vociferou, só me faltava esta, está tudo estragado, dei cabo desta m.... toda.
Olhamos atónitos uns para os outros e perguntamos à uma: porquê?
Porque eu despejei a lampreia para a panela, depois pus um bocado de detergente no prato para o lavar, fui fazer outra coisa, esqueci-me, vi aquilo amarelo, pareceu azeite e despejei na panela.
Estamos lixados, e por cima a esta hora, só fazes m..., não tarda chega o Quim e não há almoço para ninguém.
O “cozinheiro”, desorientado que estava, em vez de estar quieto, ainda começou a mexer o arroz e tive que lhe mandar um grito para ele parar de mexer.
Afastámo-lo um pouco e fomos ver o que é que se podia aproveitar dali.
Então eu sugeri: vamos retirar a lampreia, pode ser que não esteja muito contaminada, fazemos outro arroz e pronto, alguém de imediato fez o reparo: e o sangue? o sangue não há problemas, matamos uma galinha, aproveitamos o sangue e siga a música, o dono das galinhas é que não deve ter achado a minha ideia muito interessante mas se assim foi, o que não acredito, também não se manifestou.

Começamos então a separar os bocados da lampreia, mas decididamente, eu não estava a gostar nada da “operação” e então perguntei: já alguém provou esta mistela? Já, disse um, e então? Está uma rica m..., estamos bem arranjados, para o que havia de dar a este gajo.

Provei e pareceu-me que ainda estava tragável e disse: isto está muito bom, já comi bem pior, vamos pôr isto ao vinagrete, ninguém diz nada e o Quim, que não sabe de nada é que se vai pronunciar.
Vocês vão ver, só temos que ter cuidado e não falar muito para não começarem a sair bolinhas pela boca, depois são dois em um, almoçamos e ao mesmo tempo fazemos uma lavagem ao estômago e se a coisa correr bem, como espero, para a próxima, quando a coisa não estiver tão boa como esta, sempre podemos dizer:

Faz falta um bocadinho de Sonasol, o pessoal riu-se e misturamos tudo outra vez, metemos a panela na mesa e entretanto chegou o Quim.
Claro está que a ansiedade subiu um pouco e demos a primasia ao Quim que, sem saber de nada, se serviu, seguido dos outros.
O Quim começou a comer e eu perguntei:
Então pá? Que tal? O cozinheiro presta para alguma coisa?
O Quim, olhou para mim desconfiado e perguntou:
Porque é que me estás a perguntar?
Eu lá respondi o que me veio à ideia:
É que para mim não está grande m..., tem piri-piri a mais.
O Quim tomou mais atenção ao sabor e respondeu:
Por acaso não, está mesmo no ponto, tanto no piri-piri como no sal, e eu nestas coisas estou atento.
A sentença estava dada, toda a gente comeu à grande e à francesa, limpamos com o fundo ao tacho e só passado mais de uma semana é que o Quim veio a saber o que se passou, mas continuou a dizer que estava bom.

Um PA nunca se atrapalha, mija na cama e diz à mulher que está a suar.

Loureiro/68

BA7 S.JACINTO 1968

Na BA7, a ordem de serviço era batida em stencil e só depois é que ia para a Secção Técnica para a máquina duplicadora para posteriormente ser distribuída pelos diversos serviços.

Ora a mesma quem a fazia era um Cabo Amanuense da Secretaria de Comando que, muito melhor do que todos os seus camaradas, escrevia com mesma com os 10 dedos e com a particularidade de não precisar de olhar para o teclado.
Já agora é bom referir que o rapaz trabalhava na vida civil num escritório de advogados em Aveiro como escriturário-dactilógrafo.

Como à uma vez para tudo, certa vez o artista resolveu, ao mesmo tempo que batia a ordem de serviço, começou a ler uma carta que a namorada lhe havia enviado.
Não queiram saber, o entusiasmo foi tal que a determinada altura o artista ligou o "complicador", e quando acabou de ler a carta, continuou impávido e sereno o seu trabalho até final.

Só quando resolveu dar uma olhadela pela O.S, para ver se havia alguma coisa para corrigir, é que reparou que tinha batido a carta toda da namorada na O.S. e ainda bem que o fez pois caso contrário, tinha dado uma "barracada" de todo o tamanho.
Lá teve que recomeçar tudo de novo e guardou o exemplar para mostrar aos amigos mais chegados do insólito acontecimento.
No melhor pano cai a nódoa e estas coisas deve-se guardar segredo e como assim não foi, ao outro dia já toda a Base sabia e ele não se livrou de ouvir umas "bocas" à maneira.

Lá diz o velho ditado.

Um homem discreto é aquele que pensa duas vezes antes de não dizer nada.

Loureiro/68

1977 AB1 FIGO MADURO

Uma das atribuições da Policia Aérea é a protecção dos recursos humanos e materiais, nomeadamente controle de pessoas e viaturas.

Decorria o n ano de 1977 na ex AB1, Figo maduro, hoje AT1, um dia normalíssimo para o pessoal de serviço nas duas portas de armas, uma a norte, no Figo Maduro ,zona dos hangares ,terminal de embarque e desembarque e o canil com seis cães (Mike, Andro, Jofre , Brakiev os outro dois não recordo o nome) e a outra na zona das instalações anexa ao Aeroporto de Lisboa onde se situava o comando, secretarias, companhia de policia, bares, refeitório, e alojamentos.

Foi nesta porta de Armas que inesperadamente aparece uma carrinha com um vendedor de produtos de salsicharia para fazer entrega de material no clube de Sargentos, parou no controle, parece que era habito por já ser conhecido do pessoal entrar sem deixar identificação e colocar o cartão de visitante ao peito, mas nesse dia como passava pela porta de armas para cumprimentar o pessoal, talvez mal-humorado não autorizei e o individuo acelera e arranca em direcção ao interior da unidade, corri atrás da viatura, puxei da valther e meti bala na câmara com o cano encostado á cara do individuo e mandei-o recuar devagar de marcha trás até fora da porta de armas. O homem estava amarelo e tremia por todos os lados. Depois de acalmar arrancou com a viatura e nunca mais o vi.

O Comandante do AB1 era o Tenente-Coronel Costa Santos, que viu todo o filme da porta do comando que ficava a sensivelmente a 100 metros.
A coisa passou e quando cheguei á companhia para informar o comandante da policia que era o Cap. Paraq. Candeias que nada sabia do sucedido, informou-me que o Comandante da unidade queria falar comigo, fiquei apreensivo mas de consciência tranquila do dever cumprido. Lá fui meu, bati uma bruta continência e pedi para entrar, então ele pediu-me para explicar o sucedido, depois das explicações feitas, qual a minha surpresa quando ele me disse “ Excelente actuação Gomes “, já na porta de saída do gabinete depois de outra bruta continência ele chamou por mim e fez-me a seguinte pergunta “ ó Gomes se o homem não parasse você dava-lhe um tiro”, eu respondi “ eu dava meu Comandante” (não dava nada).

Cheguei á companhia para dar conhecimento ao Cap. Candeias com mais dois centímetros de peito.


P.GOMES

MAIS UMA HISTÓRIA DA BA3....

A uma quinta-feira á noite, isto a meio do curso,fui escalado para um reforço, terminando na sexta feira pela manhã,feito isto quando terminei,consegui o passaporte para fim de semana, muito cedo,não me lembro como, tempo para um bom banho vestir a farda n.1 e tentar saír, só que nesse fim de semana a Base entrou de prevenção, tambem não me lembro qual a razão.

Eu fazia parte da segunda Esquadrilha da EIPA, e tinha-mos como Comandante um Alferes de nome Pòvoas, vaidoso, dava a entender que gostava de nos castigar, e outras coisas mais,e então nessa manhã muito cedo tentei saír da B.A.3, e quando já estava muito perto do posto de saída, aparece-me, esse Póvoas vindo das residencias dos Oficiais, gozou comigo e obrigou-me a voltar para tráz e vestir a farda de trabalho, e ordenando que me apresenta-se no gabinete,para ter a certeza que eu estava dentro da unidade, resumindo Base de prevenção fim de semana dentro da unidade.
Dias depois estava encostado a um carro, não eram muitos e eu pensava que era o dele,logo na melhor oportunidade passei e arranquei a tal antena,longe de imaginar que era o carro do Sargento da secretaria, o homem andava louco de raiva, ainda me lembro e não mais esquecerei o poema, que ele escreveu numa folha de papel, dirigida a minha pessoa----AO SUINO QUE PARTIU A ANTENA OFEREÇO-LHE O RESTO, e andava com o que restou na chapeleira do veículo
.
Até hoje nunca ninguém soube. Claro hoje seria impensável fazer aquilo,não foi uma bonita atitude era o que se podia fazer. Camaradas P.As desculpem. Tambem faz parte das histórias da minha passagem pela FAP e da Policia Aérea.

VITAM IMPENDERE VERO

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012

BA3 TANCOS 1975

Mais uma vêz aqui presente, e desta, para falar, também, um pouco da medalha que recebi na parte final do meu curso, na nossa Base Mãe a ex. B.A.3.
A parte final da minha vida militar, foi passada também na desactivada B.A.7 S.Jacinto, entre muitos camaradas á uns que se identificam mais connosco que outros. O Alferes Vale de Aveiro a este devo-lhe muito, ajudou-me numa , altura muito complicada, logo á minha chegada a esta unidade, mas há um que durante muito tempo sempre foi a minha companhia.

Estou convencido que o que pesou na continuidade dele na FAP , foi o nosso 1ª Sarg.TTCG Teixeira , e ele o Cabo Pinto, ia tendo influencia na minha,é que nos meus ultimos meses na FAP ponderei muito a hipótese de também continuar e fazer tambem a carreira militar, o que não veio acontecer.

Voltando de novo aos tempos de curso, quando cheguei no primeiro dia entregaram-me, logo todo fardamento ,e há mistura tambem aqueles dois fatos macacos de instrução, coisa que eu já vinha habituado e francamente tambem, cansado de andar com aquele tipo de farda vestido, porque na vida civil eu já era mecânico-auto, e agora mais uma vêz teria que usar aquilo.

Começa o curso e logo por azar, o Verão chega cedo e muito quente, era um sacrificio vestir aquilo todos os dias, eu só me dava bem era na fisica, apesar termos un instrutor o Furriel Gomes de Chaves que dava conta de nós, sempre era bem melhor.
Havia dias em que o calor era tanto que o alcatrão da parada derretia e vinha agarrado as solas das nossas botas, e eu sempre que podia e foram muito poucas essas vezes quando vinham pedir voluntários, para dar uma ajuda no refeitório, eu era logo dos primeiros, quase sempre nunca se fazia nada, e então na ultima semana, do curso andavamos a ensaiar a cerimónia para o dia da festa, e na véspera, lembrei-me mais uma vêz, de ir voluntário, o calor era tanto que eu já não queria saber daquilo para nada, a meio da tarde,com a parada cheia de Pelotões a marchar de de um lado para o outro e eu na frescura do refeitório, veio um Sargento do meu Pelotão á minha procura e para me levar, fui colocado no meu grupo, e os ensaios continuaram, virados para a tribuna de Honra, o dia seguinte já seria o do desfile.

O grande dia chegou, todos sabém como é,depois de nos sêr entregue a nossa BOINA AZUL, havia as distinções eu não sabia o que me estava reservado,a certa altura chamam pelo meu numero e meu nome e lá fui eu em passo de corrida junto á tribuna receber a minha medalha, que correspondia, ao instruendo melhor classificado nas provas fisicas daquele curso, essa medalha não a tenho para mostrar, oferecia a uma pessoa que me era muito querida, o meu Pai e hoje anda por terras de França,tenho sim a classificação com os nomes e numeros dos 10 instruendos melhores classificados. Teria sido um bom Sargento.

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
VITAM IMPENDERE VERO

BOMBA NA BA6

Estava de serviço à porta de armas quando me aparece um de muitos malucos que de vez em quando lá apareciam. Era por alturas dos ataques bombistas, Bin Laden e companhia e lá nos apareceu um Sr. que dizia que tinha uma bomba na mala e ameaçou-nos com uma arma, dizia que queria falar com o CMDT da unidade e é claro que nós tivemos que simular uma chamada ao Comando e dissemos que o Sr CMDT o viria receber à porta de armas, o Sr. estava aparentemente perturbado e medicado pois mostrou-nos os comprimidos que tomava..enfim...no meio disto tudo o nosso receio era algum como devem imaginar, a cerca de 6km do aquartelamento longe de todos e com um maluco fechado lá dentro com uma arma e uma mala "bomba".

Ao fim de um bocadinho aparece um cinófilo com o seu cão e o oficial de serviço ao CCD, para pôr ordem na situação. Não necessitaram de intervir, ficaram à distância, não podiamos pressionar o Senhor "bomba" mas com eles vinha o Cmdt da EPA, que logo "se atirou" ao Senhor "bomba", fazendo-lhe uma chave...muito atrapalhada e pouco operacional foi o que se arranjou imaginem o vosso Cmdt por detrás do "bombista" a tentar sacar-lhe a arma...o "bombista" muito agitado e quando de repente as calças do "bombista" caem no chão...ora uma pessoa está de serviço descansada, aparece um maluquinho que nos ameaça, passam muitas coisas pela cabeça e quando chega o nosso salvador da pátria agarra o bombista e fica naquela situação embaraçosa...imaginem o filme nunca vou esquecer o meu Cmdt de Esq. por detrás do bombinhas e este sem calcinhas

Espero que tenha contribuido para as "HISTÓRIAS DOS NOSSOS CMDTS"
Cumprimentos a todos

Maria Cavalinhos

BA7 S.JACINTO 1968

Em 68 não me lembro que houvessem cães de guerra na PA, mas acredito que os houvesse, mas admira-me porque sendo a BA3 a Base de Instrução do Serviço Geral, para além de um ou outro rafeiro, apenas haviam 2 lindíssimos Galgos de cor escura que estavam num canil ao pé das bombas de gasolina e que aliás, faziam parte do emblema daquela Base.
Na BA7 haviam muitos cães que não pertenciam a ninguém mas eles sentiam-se bem por ali, comida não lhes faltava e isso bastava-lhes e alguns dos soldados que estavam de reforço, levavam um cordel e amarravam-os ao cinturão para poderem dormir mais descansados, quando vinha a ronda, o cão dava sinal, eles desamarravam o animal e nunca eram apanhados a dormir, toda a gente sabia disso mas ninguém ligava.
O mais desejado cabo da guarda era o Silva, já falecido, infelizmente, estava colocado na Esquadra de Pessoal e era por conseguinte o encarregado dos passaportes e assim, toda aquela soldadesca não queria entrar em desagrado com essa personagem bem disposta mas que não abria mão do seu poder (ele é que tinha a chancela do Capitão).
Como o pessoal das messes tinham outros meios, o amigo Silva, quando estava de serviço, lá conseguia por artes e manhas descolar um garrafãozito de 5 litros de tinto e quando lhe dava na cabeça, lá ia ele com 3 ou 4 soldados armados com vassouras e rodos e com a bomba às costas para fazer a sua obra de caridade, e pôr os sentinelas a dar de beber à dor até querem, e por ali andava até acabar o precioso líquido.
Era uma máquina, logo de manhã, quando se levantava, começava a disparar o morteiro com pólvora seca e era uma confusão e aquela alma, alheia aos comentários lá ia dizendo, não gostas, chuta para canto, são fresquinhos, são fresquinhos.
40 anos, são muitos anos, velhos tempos.
Um abraço
Loureiro

HOMENAGEM A UMA CADELA PA - 1975

1975 B.A.4 LAGES Justa homenagem a uma cadela P.A.

E continuando no tema dos canídeos, pelo pouco conhecimento que tenho, até porque não estive assim tantos anos na FAP como a maioria dos camaradas que aqui marcam presença, quer na FAP, e nos outros ramos das nossas forças armadas eu só conhecia o Pastor alemão, e como durante o tempo em que estive afastado de todas as unidades Militares,após a extinção da B.A.7,não sei a partir de quando é que outras raças foram sendo introduzidas nos Centros Cinófilos.

Em determinada altura da minha vida eu estive ligado ao futebol profissional do Clube da minha cidade, o Leixôes e durante alguns anos, quando pus fim a esta actividade, a convite de um camarada nosso um Boina Verde, comecei a titulo de visita a a ir ao antigo R.C.P. que depois a convite de seu filho também Sarg. Boina Verde continuei, indo mesmo ao dia dos Paraquedistas, foi numa festa dessas num desfile de cães de guerra que eu vi outras raças á mistura com os Pastores, portanto só quem tem o previlégio de trabalhar com todos, é que poderá ter opinião formada, por acaso até tenho um Labrador o chocolate que é alegria da familia.

Como em todas as unidades da FAP a B.A.4 ESCORPIÕES tinham uma esquadrilha de TTCG , se bem me lembro seriam quatro, o Shérif o Lander de momento não me lembro dos outros, que faziam os seus serviços, para além dos seus treinos também.
Mas na B.A.4 quem se lembrar, ao lêr isto que faça o favor de acrescentar mais alguma coisa, pois tudo que eu possa dizer aqui não será, o suficiente para lhe prestar a merecida homenagem Quem se lembra da nossa cadela A PERIGOSA a cadela de todos os P.A.s raça pastor alemão, quando eu lá cheguei já era vélhinha, quando fui transferido, ainda lá ficou.

Então era assim, para quem não conhece a unidade, para se ir de posto em posto só de veículo a Perigosa durante o dia percorria os postos todos, dormia um pouco aqui ( control da P.A , levantava-se ia dormir um pouco até ao 3 fazendo companhia ao P.A , depois ia até ao 7, ia ao posto 1 tinha que passar por todos eles, e á noite não dormia sempre no mesmo sitio, era a nossa companheira, tão importante para nós como um cão operacional, numca me esqueci de ti minha amiga, durante muitos meses também fizéste parte da minha vida. Não vou ter vergonha de dizer isto em 2008 quando visitei a minha também a tua Base, percorri todos aqueles caminhos que por vezes faziamos juntos, por vezes com algumas lágrimas nos olhos, e a recordar tudo e todos, por isso a jura que fiz enquanto caminhava, encontrar todos os meus companheiros, vou mantê-la, para ti minha BOINA AZUL.

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012

BA3 OUTUBRO DE 1987

Outubro de 1987, o dia de instrução era fora da BA-3, pois era dia de aprendizagem no lançamento de granadas, instrução dada por um sargento – ajudante pára-quedista, o qual não me recordo o nome. Assim após a formatura da manhã, lá fomos todos para o local de lançamento de granadas, ficava nas imediações da base, no meio do “mato”, onde existia um enorme buraco para onde e após as indicações do instrutor cada recruta fazia um lançamento de uma granada dos mais variados tipos.

Chegou o final desta instrução, não sem antes haver uma pequena surpresa do ajudante, que chamou a atenção do pessoal, sendo que ele ia lançar uma granada de fósforo branco, para reparar-mos o efeito que a mesma tinha. Logo após o lançamento, ficaram milhares de pontos incandescentes a arder lá em baixo no buraco. Nisto o instrutor gritou a bom pulmão, que nós não poderíamos deixar arder a mata, como tal ordenou ao pessoal que fosse lá para baixo apagar as pontas de lume com os pés.

Lá fomos nós pisar o lume, quando estávamos quase no final da empreitada caem duas ou três granadas de gás lacrimogéneo e a seguir é que foi o bom e o bonito, foi um tal tossir e coçar os olhos, que quando chegamos de novo à base ainda levávamos todos os olhos quase fechados de tão inchados que estavam da coceira. Foi uma bela praxe do instrutor e que serviu de aprendizagem ao que não se deve fazer quando se está em contacto físico com aquele tipo de gás.
Esta história ou semelhante a esta, dirá alguma coisa a mais gente.

Carlos Aguincha - DGMFA

A BOINA DO COR/PA SIMÕES


Hoje vou tentar contar um episódio passado comigo e com um camarada e grande amigo que marcou a vida na PA a muita gente. Ele foi durante muitos anos instructor na BA3 e como tal "moldou" e marcou muitas gerações de PA's. Refiro-me ao meu grande amigo e camarada desde a recruta, Cor PA Simões.

O Cor. Simões desde cadete que deu sempre muita importância à apresentação. As botas dele sempre foram as mais bem engraixadas do curso. O uniforme parecia que tinha sido feito no melhor alfaiate de Torres Novas e a Boina, ai a boina, tinha um molde especial que só ele sabia dar. Ensinava como se devia moldar a boina mas só a ele é que ficava a matar! Quem o conheceu sabe que não estou a exagerar.
Pois em 1980, a FAP mandou-nos para o Curso de Oficiais (CFO). Naquela altura o 1º ano era em Águeda e o segundo na Ota.
Em Águeda, numa unidade do Exército, o curriculum do curso era uma repetição do que aprendemos no liceu. Ora aquilo tornou-se uma vida santa! Dormia-se nas aulas e "trabalhava-se" de noite. Até tinhamos uma sala de estudo na Mealhada - a discoteca Escorpião!

Quase todo o pessoal ficava alojado na Curia, num muito velho hotel que mais parecia o cenário dum filme de terror.
Só para dar um exemplo o quadro electrico era ão velho que ainda usava fusíveis de porcelana com um fio de cobre. Sinceramente sempre tive receio que aquela porcaria um dia começasse a arder.
Ora o nosso amigo, então um garboso Ten PA foi dos primeiros a chegar e escolheu um dos melhores quartos. Cama de casal, lavatório no quartinho, bela vista para o parque, uma varanda para a rua que dava para sair facilmente pela janela e até tinha um bidé. Enfim face a estas características passou a ser denominado o Quarto do Bispo.
Com esta bela vida cada um arranjou entretem como pôde e de acordo com as suas características. Cá por mim arranjei uma namorada!
Um belo fim de semana resolvi não vir a casa e ficar por Águeda. Falei com o Cor. Simões para me deixar a chave do quarto pois o dele para além de ser o do Bispo tinha aquela característica de se poder sair pela janela. O meu não dava jeito porque ficava no 3º andar e eu era PA e não Paraquedista. Por outro lado os donos do hotel viviam também no 3º andar e não simpatizavam muito comigo nem com o Cor Filipe! Vá-se lá saber porquê!

Bom o Cor. Simões rapidamente acedeu ao meu pedido explicando detalhadamente, como é seu hábito, o funcionamento de todo o quarto.
Aplicando todos os princípios tácticos e técnicas PA, fiz a abordagem ao quarto do Simões e lá introduzi a namorada. Sempre de luzes apagadas. Logo que pude acendi um candeeiro de mesa com uma lâmpada de 100 W, que o Cor Simões dizia que utilizava para estudar. Dobrei-o bem (era daqueles articulados) e lá comecei a "namorar"! Como o entusiasmo era imenso nem me deitei ao comprido como é suposto fazer-se. A pressa era tanta que ficamos atravessados na cama.


Quando estava a chegar ao ponto crítico de não retorno a minha namorada diz-me ao ouvido que lhe cheirava a queimado e que devia estar qualquer coisa a arder. Num primeiro momento pensei: Agora nem que venha o pai dela! Mas realmente começou a cheirar a queimado e nessa altura pensei que o meu receio do quadro eléctrico começar a arder se havia concretizado. Bom lá se foi o entusiasmo todo e quando olho para o lado vejo o candeeiro de 100 W tombado em cima da "imaculada" boina azul e esta a arder. Lá apaguei o fogo mas antes de recomeçar com as hostilidades reparei logo que a boina tinha um buraco enorme.

No Domingo à noite regressa o meu amigo Simões e logo que repara na boina sobe ao 3º andar e muio irritado pergunta como iria para as aulas com um buraco na boina sagrada. Ainda tentei emprestar-lhe a minha mas recusou liminarmente dado que não tinha a "forma" da PA da BA3!

Bom lá foi o Cor Simões para as aulas sem boina e eu no fim de semana seguinte lá fui ao A. da Costa comprar uma nova afim de ser "moldada".
Penso que a boina com buraco ainda faz parte do espólio do Cor Simões. Se passarem por Torres Novas perguntem-lhe por ela. Ele continua a ter muito orgulho na dita, eu nem por isso. Estragou-me uma noite de "estudo".


Mário Figueiredo
Cor. PA/Res

HISTÓRIAS DE MOÇAMBIQUE

Uma vez em Moçambique, mais propriamente na Missão de Nhassacara, superiormente gerido pela Irmã Teresa, teve a visita durante dois dias do Bispo da Beira e eu mais a minha equipa fomos destacados para a segurança de toda a comitiva e como não queria problemas, pelo sim e pelo não, dormíamos um em cada canto da casa e eu dormi à porta, mas na rua, ao mosquito.

Nhassacara, para além da missão católica e a cantina do Santos que ficava perto, não tinha mais nada e ficava mais ou menos a uns 200 Km a Sul de Tete.
Efectivamente, não era fácil gerir aquelas instalações a 50 Km Norte de Vila Gouveia onde estava estacionada a tropa.
A Irmã Teresa fazia de tudo, dava missa, era médica, enfermeira, dentista (a mim arrancou-me 2 dentes), professora e para além disso tinha um coração do tamanho do mundo.

Quantas vezes eu pensei para os meus botões: O que é que pode levar uma mulher com cerca de 30 anos, bonita, estar numa missão situada numa área com muitos leprosos.
Entre doentes e residentes ultrapassava largamente a centena de pessoas e não tinham o apoio de ninguém e as pessoas comem e bebem todos os dias.
Vila Gouveia era sede de concelho e tinha electricidade das 18H30 às 22H00, não havia Televisão e o telefone ainda era de manivela, na altura das queimadas, ardiam os postes e ficava isolada 2 ou 3 semanas e na missão simplesmente não tinha nem luz nem telefone.
Como haviam muitas emboscadas à coluna, porque naquela altura todo o tráfego rodoviário civil era feito com protecção militar, a coluna saía de Tete até Vila Gouveia e depois fazia o retorno com novo movimento, aquilo era uma zona operacional, não se andava como queria.
É certo que não foi sempre assim, outrora tinha sido um Paraíso, onde reinava a paz e o sossego, mas as condições eram as mesmas.

A Missão era também o Hospital dos turras, quando eram feridos pelas nossas tropas era ali que eles se iam curar, mas que podia ela fazer??? e nós que sabíamos disso muito bem e a melhor maneira de a ajudar era fechar os olhos e respeitar aquele espaço, sem o qual toda a população nativa num raio de 30 km podia passar.

Eu tinha muita consideração e respeito pela Irmã Teresa e não dispensava, quando passava perto, lhe fazer uma visitinha de cortesia e ver se ela estava bem, e ela sabia que eu era amigo dela e que podia contar comigo e presenteava-me sempre com um sumo de maracujá fresquinho como nunca mais pus os queixos em coisa igual.
África bruta onde até a papaia chamavam fruta.

Loureiro/68

DGMFA 1988

Quem me conhece sabe que eu ainda hoje não bebo qualquer tipo de bebida alcoólica e os meus companheiros de quarto dessa altura só descobriram passado algum tempo, devo dizer que todos eles eram mais velhos que eu, era o maçarico do quarto.

Assim um dia no final da tarde, depois da instrução fui ao quarto e quando entro no mesmo reparei numa coisa estranha, havia uma grade de cerveja, uma cadeira e junto a esta estava também uma corda.
A minha matemática começou a trabalhar e a somar 1+1=2, pensei que os meus estimados colegas estariam com segundas intenções para comigo, ou seja estavam a preparar-me alguma, assim vesti a minha roupa civil, estava devidamente autorizado, pois andava a estudar, a tentar terminar o 12º. Ano numa escola de Vila Franca de Xira e saí da Unidade, nessa noite fui dormir a casa.

No dia seguinte quando cheguei ao quarto, estavam os meus estimados colegas de quarto cada um a dormir para o seu lado mas a grade de cerveja estava VAZIA.

Mais tarde, depois de passada a ressaca vim a saber que eles prepararam a coisa de maneira a enfiarem-me uma dúzia de cervejas pela goela abaixo para poderem dizer que eu tinha “apanhado” uma valente bebedeira, o que só não aconteceu por alguma razão, eu ter desconfiado das intenções deles.

Pode dizer-se me safei de BOA, ficou a intenção. Bem hajam esses camaradas, que já tive o prazer de rever alguns deles nos nossos almoços convívios, excepto um que já faleceu, um 079 de apelido REIS.


Carlos Aguincha - DGMFA

COISAS DO ARCO DA VELHA..... 1974

Em finais de 1974, ao meu Grupo, coube-lhe como missão, o patrulhamento, emboscada e recolha de informação militar na fronteira com a Zâmbia, mais propriamente na zona do Parque Natural de Mana Pools.
O que servia de linha de fronteira era o Rio Zambeze e como todos os Parques Naturais, são áreas protegidas.

Era uma operação de 1 mês com reabastecimento por helicópetero de semana a semana.
A mata era pouco densa bem ao jeito das manadas dos elefantes, zebras, búfalos, leões, onças e gazelas em quantidades exorbitantes, onde á água há vida e ali era coisa que não faltava.

Um dia antes da partida, eu e o meu amigo Santos, sacrificámos duas camisas camufladas para o alfaiate nos fazer uns chapéus de aba larga que o “infeliz”, coitado, por mais cordões de ponto em zig zag que fizesse, nunca conseguiu por a aba com a consistência que nós pretendíamos e como tal, acabámos por aceitar a obra como foi possível fazer.

Talvez na segunda semana, já não me consigo recordar, íamos em bicha de pirilau, naquela altura chamava-se assim, agora é mais complicado porque ainda aparece algum bicha sem pirilau e arranja uma confusão levada dos diabos, enfim, modernices.
Neste tipo de formação, a distância é maior ou menor consoante a densidade da mata e nós, por questões de segurança, tudo fazíamos para evitar andar em campo aberto para não sermos detectados.

Todos os cuidados eram poucos e a segurança fazia parte das nossas prioridades, a distância entre nós era de primordial importância de modo a que, em caso de cairmos em emboscada do inimigo, a primeira rajada tivesse poucas hipóteses de atingir mais do que um elemento.
A determinada altura, o cabeça de fila abaixou e todos fizeram o mesmo ficando à espera de comunicação e a coisa funcionava bem apesar dos 100 metros que separava o primeiro do último.

A informação chegou: elefante solitário à frente.

Como são bichos que por qualquer razão são expulsos das manadas, normalmente atingem tamanhos maiores do que os outros e são muito mais desconfiados e perigosos.
Nesta situação, os homens da frente tiram um carregador da cartucheira e começam a bater na arma, choq, choq.....choq, choq.....choq, choq e sempre assim.
Porque o ruído metálico é uma coisa nova para os seus ouvidos, têm um certo receio e se não vêem ameaça do intruso, acabam por ir embora, mas nunca fiando, as reacções nem sempre são iguais e era preciso estar atento.

A minha equipa era a última e eu comecei de imediato a ver uma posição mais favorável para me safar se as coisas dessem para o torto, e lá vi uma pedra grande com uns 5 metros que desenrascava perfeitamente.

Eu não via o elefante mas ouvi perfeitamente um grande urro, mau sinal, e de um momento para o outro o pessoal começar a dispersar e eu também não estive para perder tempo e chamei o meu pessoal para cima da dita pedra.
O elefante quando viu o pessoal a correr cada um para seu lado tomou, a opção de correr atrás do a opção de correr atrás dos dois primeiros, os meus amigos Santos – Lisboeta e o Azevedo-Transmontano.

No arranque inicial, os meus amigos ganharam alguma dianteira, mas quando a besta começou a ganhar embalagem, aquilo parece uma máquina dos comboios, depressa encurtou a distância e a determinada altura, quando os fugitivos viram que já tinham poucas hipóteses de se safarem, pararam, enfrentaram o bicho, e começaram a dispara rajadas para o ar.

O elefante teve medo do barulho e estacou e eles deram mais uns tiros para o ar e o animal acabou por embrenhar-se na mata, para alívio dos meus companheiros.
Juntámo-nos todos outra vez e aquilo foi um fartote, só o Santos e o Azevedo é que não gostaram da festa e ainda nervosos começaram a chamar-nos nomes, f...da p..., ca..ões, cobardes de m..., viam que o elefante ia dar cabo de nós e não fizeram nada e os nomes simpáticos não paravam e o pessoal ria-se, até que eu com ar de gozo lá rematei, é verdade sim senhor, nós somos uma cambada de m..., somos uns cobardolas, tivemos medo e fugimos do elefante, e vocês o que é que iam a fazer à frente dele, iam a ensinar-lhe o caminho? Nova risota e o caso ficou por ali.
A verdade é que o Santos naquela correria perdeu o chapéu que tanto trabalho tinha dado, corremos aquele capim todo e não o encontramos e então alguém meteu as culpas ao elefante que tinha roubado o chapéu ao Santos.

Mais tarde eles a contarem a reacção do animal quando eles bateram com o carregador na G3 é que foi bonito, oh pá aquilo até parecia coisa má, olhou para nós, abanou as orelhas, levantou a tromba, deu aquele urro qu até me ia mijando todo e então quando começou a correr para nós, nunca pensei que que me safasse, tinha logo que ser para mim e a malta gozava, é por seres bonito.
Não pensem que é fácil fugir de uma besta daquelas a pouco mais de uns 15 metros.
Tanto cuidado que tínhamos em não fazer barulho e acabámos por fazer um escarchel daqueles, e turras dessa vez, nem vê-los.


Loureiro/68

BA4 FIM DE AGOSTO (VERÃO QUENTE) 1975

Periodo conturbado por uma enorme anarquia no Governo e nas Forças Armadas,( a era do Gonçalvismo ) 1.o Ministro Gener. Vasco Gonçalves, Presi. da Républica Gener.Costa Gomes, Os nossos ramos das Forças Armadas divididos, 11 de Márço, 28 de Setembro, 25 de Novembro, uma anarquia sem limites. Sedes de vários partidos e organizações, quer da esquerda, quer da direita incendiadas e destruidas, com o nosso Paìs á beira de uma guerra Civil. A história de hoje é referente a esta situação... Nessa noite eu senti o medo.

As minhas primeiras horas na B.A.4...Depois de duas longas viagens que fizémos,para chegar á Terceira, parte de nós éramos do Norte, com mais quatro ou quatro e meia a bordo de um cargueiro,DC6, bancos de lona, que também será tema para uma outra história, e depois aquela azáfama de nos instalarmos, almoçar, meter logo a transferencia e conhecer a Base, por fim a noite chegou , depois do jantar parte de nós só pensava na cama, o amanhã já seria a doer, estávamos nos quartos déz da noite penso, quando o Furriel Ávila ? nos fêz vestir o camafulado levantar arma (G3 coronha recolhida) , Esquadrilha dos TTCG e entrar muito rápido no autocarro, depois do carro cheio, partimos em dirécção a Angra a 25 kms.

Incrivel o que estava acontecer, quando lá chegamos, vimos um mar de gente a destruir e a incendiar a séde de um dos partidos,e o mais grave era com alguns politicos ainda lá dentro, quando saìmos do autocarro fomos logo insultados, afastámos aquela gente toda com os cães de guerra e tirámos de dentro as pessoas, fizémos cordão para conduzir alguns para o nosso autocarro, nessa altura valia tudo, cuspidélas, xutos nas nossas pérnas, socos nas costas e coisas que vinham pelo ar, foi muito mau... Com o quartel do exército B.I.I.17 muito próximo,nunca percebi porque tivémos que ir lá nós? Quando tudo ficou mais calmo, regressámos a Base, e os Civis que nos acompanharm, durante uns dias ainda andaram por lá até terem avião para o Continente.


Durante muitos dias não tive vontade de saìr da unidade, até esquecer, aquela noite, ficou registada para toda a minha vida. Este foi o meu Baptismo de fogo nas Lages, não foram só férias como se pensa.

Chegados a Base, 3 ou 4 da manhã, então sim o merecido sono para um pouco mais tarde,começar o nosso trabalho, que seria cada qual no seu Posto, e para começar o meu destino foi o N.1...Sobre isto tudo ainda havia mais acrescentar, mas acho que o papel está quase no fim...

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012

ALAS EM 1993


Estamos numa de alas aos nossos governantes aqui vai..


Decorria o ano de 93 ou 94 e fomos fazer alas ao presidente na altura MARIO SOARES e nas alas levamos uma soldado se a memoria não me falha de seu mome BRIGIDA tudo corria normalmente ate no tempo de praxe que levavamos eis que então chega o PR e o sargento deu as vozes e quando o homem chega ao seu lugar mandou apresentar armas tudo normal ate chegar perto da menina, ele acho eu gostou do que viu, parou e foi cumprimenta-la de aperto de mão. Estão a ver ela com as mãos ocupadas, foi hilariante pois nem ela nem ele, sabiam como se cumprimentar.

Foi lindo!!!!

Abel Bastos

BA4 1976 O MISTÉRIO DOS ELECTRODOMESTICOS

A nossa EPDP era constituida por apróximadamente entre 40 a 50 P.A.as, isto só a nivel de Cabos e Praças, e onde sempre reinou um excelente ambiente com um óptimo espirito de corpo e de camaradagem, embora também houvésse,determinádos grupos com que nós nos identificássemos mais uns com outros, para exemplo havia o grupo dos Alentejanos e Algarvios que andavam sempre juntos, falo do Cabo Lança de Aljustrel o Lima de Faro o Brás de Faro o Mira que tem um Restaurante em Portimão `( ÀQUA AZUR ), o meu grupo com o Mendes da Lixa, o outro Mendes que estava no Comando da Z.A. o Valério o Silva o Rocha o Carvalho ambos de Lisboa e outros, e tudo corria bem. Mais tarde para rendição do curso anterior ao nosso que iriam sêr transferidos, foi chegando em grupos vários camaradas maçaricos com os nips 021???? e que nada alterou.
Temos o BIEX para quem não sabe, é uma superficie comercial do género Intér-Marchê aqui no Continente, mas que nós praças não tinhamos entrada para comprar fosse lá o que fosse. Para isso teriamos que pedir aos Sargentos ou Oficiais para fazer esse favor, então era wiskies de boa marca serviços de jantar de copos máquinas fotográficas TVs caixas de tabaco Marlboro e mais, mas tudo a baixo preço, e a malta sempre que podia lá ia comprando e guardando para mais tarde trazer, eu quando vim trazia cerca de 70k a mais e foi por isto que quando cheguei a S.jacinto ia parar á cadeia, mas será tema para outra história.

O pessoal guardava as coisas cada qual nos seus armários, sempre foi assim e se calhar ainda o é, mais tarde quando chegaram os 021??? as coisas complicaram, começou a desaparecer o material, uma vêz duas vêzes e muitas mais vezes, e nimguém sabia para onde as coisas iam. Certo dia assim de repente, revista aos armários toda gente abriu e nada apareceu.

Ninguém tinha sido transferido ultimamente, dava que pensar, e durante muitos dias nada se descobriu, até que uma certa manhã quando toda a gente estava fora da camarata,um Sarg. por casualidade andava por perto apercebeu-se de um camarada a ir em direcção ao quarto dele, e então teve a feliz ideia de o seguir, deixou que ele entrasse e passado algum tempo entrou ele, e viu um armário fora do sitio com uma cama também fora do lugar e encostada ao armário e no tecto uma entrada aberta que dava para o sótão, tambem ele subiu aquilo e encontrou-o a ele e ao armazém com o material roubado.


Foi detido o material devolvido e ele coitado não tinha grandes possibilidades para comprar alguma coisa para no final trazer, então pensou naquilo e fêz, o nosso Comandante teve conhecimento, nunca soube o que falaram, mas acho que o castigo não foi grande, e nós, acho que todos lhe perdoaram, pena foi que andasse-mos durante algum tempo a desconfiar uns dos outros.

Tudo acabou em bem,

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Cá vai mais uma bela história aqui do maçarro.

Um Sábado solarengo, no fim do Verão, muito porreiro.
Durante uma Ronda normal na Praia, o CCSD recebe um reporte de 10 pescadores na apanha da ameijoa, junto aos Paiois. Reuni o pessoal, distribui funções e posições, mandei o Camarada do Controlo informar o OSU e seguimos para o local. Os indivíduos mal avistaram o binómio PA-CÃO, puseram-se numa fuga desenfreada em direcção à Rede Periférica(pensei para mim que deviam ter feito alguma coisa menos lícita).

Calculando que isso pudesse acontecer, enviei 2 elementos para o local em questão, para que os interceptassem. Eu mais a Camarada que estava na Ronda, iniciámos a perseguição(parecia um filme policial!!!!!!), com a Camarada Batista a pedir autorização para soltar o Cão. Não o permiti, pois, traria graves problemas. Foi uma perseguição de 5,5 KM pela praia. Junto à Rede Periférica já se encontravam os elementos destacados. Foi feito um cordão de segurança, solicitando aos indivíduos que largassem as mochilas e os ancinhos que tinham na mão. Após aquela espécie de "MARCOR", questionei qual o motivo da presença dos mesmos naquele local em particular, tendo sido dito que um amigo lhes tinha dito, que alihavia boa ameijoa preta. De imediato, solicitei a identificação dos indivíduos, que me disseram que podiam ir buscar ao carro, que estava perto da Unidade e que voltavam de imediato!!!!!!!! Expliquei-lhes as consequências dos actos praticados, tendo o pessoal da PA sido subornado com 20 Kg de ameijoa preta para esquecer o assunto.

Após ter verificado que não possuiam nada de suspeito, conforme Determinação superior, encaminhei os indivíduos para fora da Unidade, tendo sido ordenado que deitassem as ameijoas fora, à nossa frente. Após tudo cumprido, os mesmos abandonaram o local sem as ameijoas e os bivalves voltaram ao seu habitat. Moral da história: apesar da tentação, mantivemos a nossa integridade.

HONORAMUS PRINCIPIA. SAUDAÇÕES POLICIAIS.

MIGUEL LEAL
TEN/PA
BA6
Era eu Major e estava a comandar a Esquadra PA do COFA (a Super Esqª lembram-se?) quando numa segunda feira senti que havia um ambiente estranho no briefing. Cheirou-me logo que tinha havido "pardalices" durante o fim de semana! Não sabia era onde. No Lumiar, em Alfragide, no AT1? Estava previsto umas Alas ao Primeiro Ministro (Engº Guterres) no COFA pois o mesmo iria aterrar no COFA.

Ora ali estava a "bronca". Estava um dia de muito calor e o pessoal que não estava de serviço foi para a praia. Eles e ELAS. Naquele tempo ainda existiam as camaratas antigas e a feminina era mesmo no enfiamento da porta do PUMA. Ora a aterragem e a chegada do pessoal foram simultaneas! O pessoal feminino, de biquini, nem se vestiram pois de seguida iam tomar banho. Uma das PA's, que não cito o nome por razões obvias, era pequenina mas muito reboliça e bem jeitosa (podem confiar no meu gosto!). Ao sair da viatura ficou a olhar para o PUMA, e o Engº Guterres ficou a olhar para ela.

O pessoal das alas estaticos e não se passava disto. Dizem que parecia um filme em "pause" e não andava! Finalmente a PA lá descortinou que estava a mais naquele filme e desatou a correr para dentro da camarata e o nosso Primeiro lá entrou na viatura e foi-se embora. A preocupação do graduado era que alguém da Presidencia "desse com a lingua nos dentes".
De facto não aconteceu nada. A haver algum reporte só poderia ser o Engº Guterres a elogiar a qualidade e a beleza feminina do pessoal PA.

Um grande abraço a todos

Mário Figueiredo
COR PA (Res)
Coisas do arco da velha...


Caros camaradas, ao ver a fotografia do PSarg-Alves com o seu emissor-receptor em frente daquela viatura, não pude deixar de sorrir, não pela fotografia em si, mas pelo que me fez vir à memória.

No meu Curso de Sargentos, entre outros, como o meu querido camarada Campo de Ourique, de quem já não me lembro o seu verdadeiro nome e se ele ler esta mensagem que me perdoe, esse patusco era um rapaz simplesmente impecável, sempre bem disposto, capaz de estar a contar anedotas mais de uma hora seguidas.
Ele era Amanuense e, quando acabou o Curso, regressou à BA4 onde pertencia.

Certo dia estava de Sargento de Dia e para ajudar a passar o tempo bebeu umas loirinhas e tal e coisa, e a dado momento, por razões de serviço, mandou um condutor, um desses apelidados de "descalços" fazer um determinado serviço, mas o rapaz, possivelmente porque não estivesse bem disposto ou era um daqueles que nos bailaricos, tinha o trabalho de colocar na parede um daqueles cartaz "proibida a entrada a continentais", e isso ninguém diz porque parece mal, dizia eu, negou-se a cumprir a ordem.

Seguramente que o "descalço" não devia conhecer muito bem o Campo de Ourique, que vai daí, à boa maneira lisboeta, lhe deu a cheirar a brilhantina, ou seja, amandou-lhe uma cabeçada de tal maneira que o rapaz caiu para trás, embatendo com a nuca do espigão do espelho rectrovisor da Land Rover, como ainda se consegue ver na fotografia onde está o nosso camarada Alves, e porque o espelho já tinha desaparecido para parte incerta, o rapaz fez um grande "lanho" no alto da peruca.
A sangrar, como não podia deixar de ser, o "descalço" foi fazer "queixinhas" ao Oficial de Dia que, autoritariamente como é costume, deixando-se influenciar pelo sangue, preocupou-se mais com o "descalço" do que com as razões que levou o meu amigo Campo de Ourique a tomar aquela decisão "drástica" para fazer cumprir a ordem.

O Oficial de Dia que também não devia conhecer bem o Campo de Ourique, chamou-o ao gabinete e sem mais aquelas, deu-lhe uma descompustura à maneira, ao ponto de lhe chamar irresponsável, ainda eram efeitos da tão badalada psícola.
O Campo de Ourique já "azedo" e para não ter que mandar também uma cabeçada ao Oficial de Dia, tirou o braçal verde e o cinturão com a pistola, embrulhou aquilo com muito cuidado perante o olhar incrédulo do Oficial de de Dia, pousou-o na secretária e com o ar nº 3, apenas lhe disse: com que então sou irresponsável, por fazer cumprir uma ordem, então faça você o serviço de Sargento de Dia, virou-lhe as costas, por mais que o Oficial o chamasse não veio e foi-se enfiar voluntariamente na cela, deixando o Oficial de Dia a falar sozinho.

O que aconteceu a seguir não sei, mas que ele teve uns c... muito grandes, não há dúvidas que teve.

Muito cuidado, as aparências iludem, cuidado com o que se diz, a todo o momento pode aparecer um Campo de Ourique.

Um abração

Loureiro
Pois é, pois é, acontece aos melhores, eu então sou um "desgraçado", quando era miudo, enjoava de carro quando havia muitas curvas, a primeira vez que andei de avião, por sinal também num T6 quando estava em S.Jacinto, com o meu querido e falecido amigo Furriel Quim Rosado que resolveu dar umas piruetas por cima da casa dele aqui na Figueira e por cima do mar até fazer parar o motor e eu pensei que ia morrer, mas ele com os seus meios conseguiu injectar novamente o combustível e só dizia, calma pá, não tenhas medo que isto é uma máquina do c...., está descansado que cá em cima não ficas, também me vomitei todo.

Em Moçambique de hélio e por acaso nunca vomitei, mas das 2 vezes que voei de DO esteve aquase.
Mas a melhor, quando eu estava eu nos Selous Scout e fizemos uma viagem de Guelo (Rodésia) para Kinchaza (Congo) num DC3 mais velho do que a Sé de Braga, era um avião que transportava alguma mercadoria e nós vínhamos sentados nos caixotes.

Na cauda do avião ficava o WC e eu ainda fui lá uma vez mas fugi logo, um dos caramelos que ia connosco, ia morrendo, coitado, eu penso que devia ter sido ele, a aflição dele era tanta que nem conseguia acertar com o buraco da sanita, vomitava em qualquer lado, ao ponto de, a certa altura, o desespero dele era tanto que se ajoelhou e começou a pedir a Deus e todos os Santos para que o avião caísse, ele antes queria morrer do que suportar tal sofrimento, o pessoal enfureceu-se e ia-lhe dando um atesto de porrada, mas depois aquilo deu tudo para a risota e ameaçamos o pobre homem de que se não calasse, nós fechávamo-lo na casa de banho, coitado, imagina aquele desgraçado sem ter nada no estômago e ainda virem-lhe aqueles vómitos que fazem vir as lágrimas aos olhos, nunca vi nada igual.

De barco, também enjoo que nem um porco, vomito, como e volto a enjoar e volto a vomitar e passo o tempo naquela pouca vergonha, mas tem piada que é só quando estou com o barco parado porque a nevegar não enjoo.
Também andei a fazer paraquedismo uns anos e nunca enjoei, mas às vezes estava quase.
Contenta-te com a minha sorte, porca miséria, isto é que estão para aqui uns aviadores, só se for para aviar copos.
Um abração

Loureiro/68

BA7 S.JACINTO 1976

B.A.7 S.Jacinto, seria Sexta Feira de um dia quente 1976.

Depois de uma manhã de fisica e um crosse, nada melhor que um bom banho e de água fria, feito isto foi esperar pela hora de almoço, e por sinal para mim era a refeição que mais gostava de todos os dias da semana, Carne de porco alentejana, e para acompanhar o tal branco de mesa, não era bom mas era muito. O cozinheiro civil o Sr.Coelho, que durante alguns anos ainda o via lá por S.Jacinto já eu era civil, era impecável dava sempre para repetir, lá fomos eu e o meu grupo, comemos e bebemos muito bem e no final fomos lá fora ao Gato Preto tomar dito café,e jogar uma bilharada de matrecos, um pouco mais tarde regressamos a Base,e sem ter nada para fazer, até que um teve uma infeliz ideia.

E se fossemos á Torre de Control saber se há instrução de vôos, lá fomos por azar havia,pedimos autorização não me lembro se assinámos o termo de responsabilidade e fomos levantar o equipamento, Capacete com micro e o para-quedas e dirigimo-nos aos aviões os célebres caças T6, éramos 5 ou 6 P.As também não me lembro se o Pinto o P.A. que está em Bruxelas, estaria presente? O Piloto o Alféres Lóza este nome não mais o esqueci,e antes de subir para o aparelho ainda lhe pergunteí, ó meu Alferes quer que eu vá á frente, não que você aqui enjoa. Acho que ele ficou a pensar aqui temos um Cabo reguila.

Levantou 1 --2---3 e os outros e a dada altura já andavamos lá em cima ás cambalhotas,vira para um lado, para o outro, rodas para cima rodas para baixo e eu já tinha momentos que não via a terra nem o céu, por cima das arvores por cima do mar, se pusesse um pé de fora molhava as botas, poucos minutos depois já me tinha arrependido e entrar naquele avião. Eu fui avisado no levantamento do equipamento que havia um acordo que quem vomitasse teria que pagar uma grade de cerveja no clube de Pilotos e outra no dos Cabos Espec. mas isso não seria para mim disse eu.
Ainda lá em cima, já estava todo roto, até que não aguentei, veio tudo cá para fora até pelos orificios do micro entrou camafulado o lugar onde estava sentádo o fundo da nave que era de aluminio polido, até corria no chão consoante a posição do avião, os dois pratos mais aquele vinho todo, perdeu-se. Ao fim de um largos minutos quando os aviões estavam lado a lado reparei que o meu Piloto fêz um sinal com o dedo polegar ou a dizer este já está ou a dar sinal para ir embora. Aterramos finalmente.

Todos cá fora quem vomitou e quem não vomitou? Bom eu fui o unico, o dinheiro era pouco mas lá passei pelo Clube de Oficiais e paguei, só não paguei aos especiais não porque não gostava deles. Moral da história sempre que os meus camaradas me falavam, vamos a Torre, ide vós, que eu estou muito bem aqui.


Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Coisas do arco da velha...

As lições que nunca esquecemos.

Quando fui transferido para a BA7, disseram-me que ia para Aveiro.

Afinal o tal Aveiro ainda era bem longe, pensei eu, quando tive que percorrer a estrada a passar por aquelas Gafanhas todas até chegar à Barra, onde pessoal conforme ia saindo do autocarro lá iam todos apressados para apanharem a lancha, coisa que nem me tinha passado por esta cabecinha pensadora e então quando vi a lancha já à pinha e com pessoal da marinha a tomar conta das operações, fiquei ainda mais intrigado mas não dei parte de fraco, mas estava receoso.
Com a ondulação e o cheiro ao gasóleo eu já não ia bem bem e logo pensei, só me faltava esta, o gajo lixou-me com aquela história do Aveiro.

Apresentei-me ao Sargento de Dia que estava no Cais e a primeira coisa que ele me perguntou foi: donde é que tu és? Sou de Coimbra, oh pá, então somos vizinhos, eu sou das Torres do Mondego, qual é a tua profissão? Sou torneiro mecânico, boa, vens mesmo a calhar, mesmo a calhar porquê? Porque nós estamos a precisar de um torneiro para as oficina como pão para a boca, mas a minha especialidade não é torneiro, e então!... isso não interessa nada, vais para as oficinas e vais ver que não ficas a perder, eu vou falar com o Capitão, tu vais para as oficinas e ele vai ter que arranjar maneira de te dispensarem da escala de serviço, assim está bem, disse eu.

Fiquei por ali até abrirem as repartições e quando me apresentei ao Capitão ele disse logo, então tu é que és o torneiro? vais ser colocado nas oficinas, deixa o resto por minha conta e vai-te apresentar ao Sargento Fagundes que ele trata do resto e despachou-me, nem me deu hipótese de respingar.
Bonito serviço, qual PA qual carapuça.
Afinal aquilo não era mau de todo, era só pessoal civil, eu cumpria o horário deles e depois com o tempo, fui abrindo os olhos e quando não havia trabalho para o torno eu desenfiava-me e ia para o Bar jogar as cartas.

Certa dia, mandaram-me tornear um casquilho em bronze fosforoso para um avião.
Depois de ter acabado o serviço, um Capitão veio falar comigo para ver a obra.
Roda para a esquerda, roda para a direita e acabou por manifestar alguma preocupação, alegando que, para o efeito que era, deveria ficar um bocadinho mais leve e eu eu para não ter mais trabalho e armado em cão com pulgas, coisas da idade, lá disse, oh senhor Capitão, o senhor é que sabe, isso dá meia dúzia de voltas e fica bom, ele com uma grande calma lá foi dizendo, pois é, pois é, dá meia dúzia de voltas e fica bom e depois dá mais meia dúzia e fica com folga, o melhor é a gente fazer as coisas como deve ser, porque com os aviões não se pode facilitar.

Que grande lição, o homem sabia muito, nunca mais me esqueci deste episódio, lá fui pôr o casquilho levezinho à maneira dele, fui-lhe o entregar, ele apreciou e lá foi dizendo, assim está melhor, ficamos todos mais descansados.
E eu por ali andei mais uns tempos até o torneiro mecânico civil voltar ao serviço.

Loureiro/68
Coisas do arco da velha....


1968- Havia na BA3 um Soldado Telefonista, do Norte, que tinha uma dinâmica fora do vulgar, para além de fotógrafo nas horas vagas, era ele quem organizava as excursões do pessoal todos os fins de semana, começando no Porto, e apanhando o pessoal por aí a baixo até lotar a camioneta.
Porque era um tipo fixe e desenrascado, gostava da petiscada, não havia cão nem gato que não o conhecesse na Base, e como tinha um sentido mercantilista apurado, não perdia a mais pequena oportunidade de ganhar mais uns cobres com a sua inseparável máquina fotográfica.
Certo dia, lá para os lados da Capela, fui encontrar o marmanjo com um cenário muito bonito alusivo à Força Aérea encostado à parede e com uma vintena de candidatos à espera da sua vez para tirar a respectiva fotografia.
O esquema estava bem montado, o pessoal tirava a fotografia, diziam quantas fotografias queriam, pagavam 50%, como era pessoal que tinha acabado a Especialidade e eram colocados noutras Bases, ele mandava as fotografias pelo correio e eles depois mandavam os outros 50% que faltavam para liquidar a dívida.

Quando chegou a minha vez, como tínhamos bom relacionamento, ele mandou-me ficar para trás com a desculpa de que para mim era de graça, e ele lá continuaou a sua tarefa, indo dar aquela ajudazinha à profissional levantando o queixo colocando o bivaque à maneira, sugerindo um sorrisozinho e só depois vinha disparar a flashada da ordem.
Para a coisa andar mais depressa, ele tirava a fotografia e eu disponibilizei-me para fazer a parte administrativo.

Depois de despachar o movimento, só estava eu e ele, e mandei-lhe a “boca”, oh pá, há aqui qualquer coisa que não bate certo, os gajos dão-te 50%, vão para as Bases, recebem as fotografias e está-se mesmo a ver que depois de estarem servidos estão-se marimbando para ti e não mandam dinheiro nenhum, a não ser!!!!!
E ele respondeu-me com uma gargalhada: a não ser que eu nem rolo tenho na máquina e os gajos estão e pensar que me vão enganar e quem os enganou fui eu, só me enganaram ao princípio, agora as fotografias extraviam-se pelo caminho e eles que se vão queixar aos correios.

Eu disse-lhe isso não se faz, é vigarice e ele respondeu: ai é? E quando eles me enganaram a mim o que é que foi?
Não havia nada a fazer.
Passado pouco tempo andava a vender rifas a 25 tostões para o sorteio de um rádio com gravador de cassetes.
Como o rádio era bonito e parecia bom, não faltaram candidatos e é claro, foi feito o sorteio e calhou a um gajo da Engenharia, que azar.
Não tinha emenda.

1 Abração
Loureiro/68

O BURRO QUE GOSTAVA DE AVIÕES

BA-4 O BURRO QUE GOSTAVA DE AVIÕES


Amigos P.A. s Boa tarde. Os serviços nesta base eram feitos por equipes de oito elementos, sempre durante 6 horas durante as 24 horas, depois havia uma equipe de piquete e outra que fazia a folga, no total seriamos 6 equipes... Por norma, os membros de cada equipe dormiam quase sempre no mesmo quarto, eu por acaso tinha um só com três camas, e porquê? Quando lá cheguei fiz parte do grupo que rebentou as fechaduras a 3 edifícios que estavam á meses prontos e que não se decidiam a autorizar a nossa muda para lá, porque se assim não fosse esperava-me a bidonville que não seria nada agradável.

Eram meus companheiros de quarto o Vinagre de Viana do Alentejo e o Rita taxista na praça de Oeiras, o 28, mais velhos que eu um turno. O único que não era da minha equipe e que dormia no quarto do meu grupo era o Chaparro mais velho também e Alentejano geria o antigo bar da P.A. na bidonville, e que no segundo dia de eu lá estar me convidou para uns petiscos, quando lhe perguntei o que era aquilo e me disse é carne de ouriço cacheiro quase que o matava. Bom camarada este Alentejano. E é sobre ele que eu vou falar.


Era madrugada, 4 ou 5 horas quando eu estava de patrulha na LIMA junto ao Bolling quando o rádio do Mark Frye, este camarada era do Colorado dá o alerta que na parte final da pista principal junto ao mar à algo de estranho, partimos para lá a todo gaz, chegámos rápido e na verdade andava um burro à solta a pastar muito perto do asfalto da pista com uma corda ao pescoço arrastar, lá o movimento aéreo é constante o que poderia ser perigoso. Chovia pouco mas chovia, o América nem saíu do carro, dizia o burro é Português. Pensei já estou f*****. Amarrei a corda a traseira da pikup e lá viemos embora em direcção ao nosso lado, mas o que faço ao burro, pensava eu? Ir ao Oficial do Dia não, o Sargento estaria a dormir, mas quando vou a descer em direcção ao Control da P.A. tive uma ideia---STOP Mark, vira aí, desamarrei o animal e pedi ajuda ao América, á frente da camarata tem dois lanços de escadas com 6 ou 8 degraus em cimento, eu à frente puxava a corda o meu amigo empurrava a trás, ele só dizia Piei = P.A. Creizy Piei Creizy o gajo estava a chamar-me louco, só lhe dizia cala-te ( c***** ) e empurra, por fim lá conseguimos, entrei no corredor por sorte o burro não tinha os ferros nos pés e não fazia barulho abri a porta, estava o Chaparro a dormir entrei por lá dentro e prendi o burro o mais que pude junto á cabeça dele, mais parecia o menino jesus.

O América o resto do turno não se calava só dizia creizy creizy creizy.

Por fim o turno acabou fui o primeiro a ir para o meu quarto, dormi até meio da tarde não comentei com ninguém, eu sabia que os Chefes andavam a investigar então o Sarg. Octávio se me pudesse pegar, não gostava de mim nem um pouquinho, há uns tempos atrás liguei para a Cruz Vermelha de Angra porque tomei conhecimento que se encontrava por lá, falámos um pouco onde lhe perguntei você lembra-se de mim? Respondeu-me de imediato, claro você era o Cabo mais rebelde da época.

Ó meu Sargento lembra-se que quando veio para a secção de identificação, não havia cinturão que lhe servisse tiveram que ir ao sapateiro coser um ao outro, ( você era mau.) Se estiver a ler esta minha mensagem receba um saudoso abraço …Que saudades meu Deus…à 15 meses atrás estive aí a passar férias, não falei consigo porque estava hospitalizado, mas qualquer dia será. Saúde para si um Abraço. Por agora termino abraços para todos em especial para os camaradas da nossa B.A.4 UMA VEZ PA PARA SEMPRE PA

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Coisas do arco da velha – Incêndio
Natal de 69-O frio era de "rachar" e o vento ao passar pelas águas da Ria de Aveiro ainda se tornava mais agreste.
Nestas condições o que fazer para ajudar a passar o tempo??? logo surgiu uma ideia peregrina!!!, vamos comprar uma garrafa de brandy e um bolo-rei e vamos jogar às cartas para a minha Secção que tem lá um aquecedor a petróleo, não sei se aquela coisa trabalha mas nós havemos de descobrir. Escusado será dizer que, se bem pensamos, melhor fizemos.
Por ali estivemos na jogatina, mas com o frio no corpo e a cabeça já quente pelo efeito da bebida, alguém alvitrou: Ó pá, liga lá a m.... do aquecedor, e aí é que estava o problema, porque eu não sabia como é que aquela coisa funcionava.
Como a minha profissão era torneiro mecânico, logo me propuz estudar o equipamento que me pareceu ser semelhante às máquinas a petróleo tão usadas nas cozinhas na década de 50 mas, para mal dos meus pecados, havia uma portinhola que dava acesso à tina do combustível de aquecimento da cabeça que alguém se encarregou de estragar e por isso não abria.
Sugestões eram aos “montes” dadas pelos meus ilustres camaradas, mas infelizmente, para nossa “desgraça”, não tinham aplicação.
Com as minhas ideias malucas, porque cabia a mim pôr a geringonça a trabalhar, com um funil feito em papel, facilmente “atestei” a cuba de gasolina verde, restando apenas pegar-lhe o fogo e aí é que estava o problema.
Depois de muita “discussão”, resolvi atar um bocado de desperdício na ponta de um lápis, embebê-lo em gasolina, incendiar aquilo pela parte de cima, único acesso à tal cuba.
Não queiram saber, porque a gasolina, sem que me tenha apercebido, escorreu para a minha mão, ao chegar fogo ao desperdício, fiquei com a mão a arder e eu para apagar o fogo da mão, larguei o lápis que por azar, foi cair exactamente em cima da cuba, espilrando gasolina a arder por todo o lado.
Como o soalho era de madeira já muito antiga, e todas as semanas as senhoras da limpesa o lavavam com a tal gasolina verde dos T6, peguei fogo à Secção.
Os meus camaradas piraram-se de imediato, e perante aquele cenário, a primeira coisa que fiz, foi mandar o malfadado aquecedor, via aérea, pela janela fora, depois despi o blusão já do fardamento azul e comecei a apagar o fogo com ele, e nestas coisas quando começam a correr mal, são uma atrás das outras, como o tecido era de polyester, começou a arder também, e foi fazer companhia ao aquecedor, e eu lá andava sozinho a bater o pé para apagar o fogo quando reparei no dolmem do Furriel Amanuense dependurado na traseira da porta e veio mesmo a calhar, foi com ele que, finalmente, consegui apagar o fogo.
Após uns momentos de reflexão e finalmente aliviado, lavei o chão para eliminar os vestígios, voltei a arrumar a Secção que estava num caos, recoloquei o aquecedor no seu lugar e fui despejar o blusão e o dolmem longe dali.

Os meus camaradas, vim a encontrá-los na formatura do jantar, que dep Os meus camaradas, vim a encontrá-los na formatura do jantar, que depois do mesmo, foi uma acesa discussão que só não deu lambada porque eu não queria nem podia que aquilo se soubesse.
Quando o Furriel deu pela falta do dolmem é que foi o lindo e o bonito, “quem foi o F... da P... que me roubou o dolmem”, eu conheço-o, se apanho algum cab..., com ele vestido até lhe rôo as orelhas, e eu calado que nem um rato e depois, quando ele estava mais calmo, lá lhe mandei a boca: se calhar você deixou-o noutro lado e não se lembra e agora está a tratar mal toda a gente.

Palavras sábias, ateimava mas sem a mesma convicção, ele gavaba-se que jamais vestiria a farda azul e como tinha um blusão cinzento, passou à disponibilidade se vestir o novo fardamento, era um resistente convicto.
Foi há 40 anos, como o tempo passa.
Oh Furriel Rito, se leres este artigo, perdôa-me, ficaste sem dolmem por uma boa causa, naquela altura eu fiquei com medo de ficar sem orelhas, e tu estavas pior do qu estragado e cheio de razão, o bandido fui eu.

Loureiro/68
MAIS UMA BELA AVENTURA NA BA6.

UM DIA DE VERÃO SOLARENGO, BOM PARA ESTAR DE GRADUADO DE SERVIÇO. DURANTE UMA RONDA NOCTURNA ÀS INSTALAÇÕES DO AQUARTELAMENTO NATO, NO EDIFÍCIO DA ESQ.601 - LOBOS, UMA PORTA ABERTA(NADA DE ESTRANHO NESTA BELA UNIDADE!!!???? -ENFIM, A SEGURANÇA DAS INSTALAÇÕES FICA PARA 2º PLANO). REPORTO PARA O CCSD,PARA INFORMAR O OFICIAL DE DIA E SOLICITAR AUTORIZAÇÃO PARA VERIFICAR O INTERIOR. TUDO CONCEDIDO NORMALMENTE, ATÉ QUE A CHEGAR JUNTO A UMA TRANSFORMADOR INTERNO, VERIFICO QUE SE ENCONTRAM 2 INFRAESTRUTURAS LIGADAS COM FIOS, COM 2 BOTÕES, PENSANDO: "...BOA, ARMADILHARAM ISTO, ESTÁ BONITO, UM ENGENHO EXPLOSIVO..." INFORMEI O CCSD E SOLICITEI QUE CHAMASSEM O MECÂNICO DE DIA PARA SABER SE ERA NORMAL ESTAR ALI AQUELES 2 OBJECTOS. A OFICIAL DE DIA, ENTROU EM PÂNICO E DISSE QUE IA CHAMAR OS EOD´S. INFORMEI QUE EU TERIA DE FAZER O RECONHECIMENTO DO ENGENHO, ELABORAR 2 RELATÓRIOS E ENVIAR PARA O COFA, SÓ DEPOIS, SE FOSSE NECESSÁRIO, SERIAM CHAMADOS. QUANDO O RESPONSÁVEL DA ÁREA CHEGOU E DISSE QUE ERA SÓ PARA ASSUSTAR O PESSOAL. MORAL DA HISTÓRIA, BRONCA GERAL COM O COMDT DA UNIDADE E NUNCA MAIS TIVEMOS DESTAS "BRINCADEIRAS".

SAUDAÇÕES POLICIAIS. HONORAMUS PRINCIPIA!

MIGUEL LEAL
TEN/PA
BA6
B.A.7 S.Jacinto. Verão de 1976


Eu tinha mesmo bom coração---Fiquei de serviço fim de semana, naquela altura ficar de serviço fim de semana seria Sábado e Domingo,e o que vou contar passou-se mais propriamente Sábado logo a seguir ao almoço.

Estava acabar de entrar no Bar Geral que era o unico a funcionar ao fim de semana, quando através dos altifalantes o Sr Cabo Especial é chamado á Central Telefónica, a distancia entre o tal dito Bar e a central ainda ficava longe
Para não ter que fechar as portas mas antes pôr todo mundo cá fora o nosso Cabo Especial pediu-me para eu olhar por aquilo´e eu assim fiz.

Pois meus amigos toda a gente comeu e bebeu sem pagar um tostão ( era cerveja era bagaço era Brandy--bolos-- tudo quanto o Especial lá tinha, foi uma festa tudo ,menos café porque não sabia tirar
Estavam os P.A.s os Marinheiros os Bombeiros os Amanuenses--Civis--muitos Barquinhos, muita gente mesmo
Passado algum tempo chega o nosso Cabo Especialista Silva do Porto era o Militar que Geria o Bar´e perguntou então Monteiro o que vendeste e eu nada Silva, o balcão estava limpo não havia louça suja nem vasilhame,ele admirou-se mas ficou desconfiado,mas nunca me falou mais no assunto.

Penso que terminámos o serviço Militar mais ou menos ao mesmo tempo.... Retomei a minha actividade Profissional que está ligado ao sector automóvel, reparações e um dia tive que tratar de um sinistro e dirigi-me a uma companhia de seguros ali para os lados da estação de S.Bento no Porto ,quem me atendeu----o nosso Cabo Silva, era lá funcionário, Estivémos a falar algum tempo a relembrar algumas peripécias e eu falei-lhe na cêna do bar que toda a gente comeu e bebeu e não pagou, respondeu-me muito calmo, olha deu para isso e para eu comprar um Mini novo como comprei,e a moto
Era o carro que ele tinha, para fazer as viagens diárias para a Base ( Olhai como eles eram inteligentes )

Um Abraço para toda a grande familia P.A.


Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Coisas do arco da velha
O frio era de "rachar" e o vento ao passar pelas águas da Ria de Aveiro ainda se tornava mais agreste.
Nestas condições, o que fazer para ajudar a passar o tempo??? logo surgiu uma ideia peregrina!!!, vamos comprar uma garrafa de brandy e vamos jogar às cartas para a minha Secção que tem lá um aquecedor a petróleo, que eu nem sei se aquela coisa trabalha mas a gente há-de descobrir, escusado será dizer que, se bem pensamos, melhor fizemos.
Por ali estivemos na jogatana, mas com o frio no corpo e a cabeça já quente pelo efeito da bebida, alguém alvitrou: Ó pá, liga lá a m.... do aquecedor, e aí é que estava o problema, porque eu não sabia como é que aquela coisa funcionava.
Como a minha profissão era torneiro-mecânico, logo me propus estudar o equipamento que me pareceu ter um princípio semelhante às máquinas a petróleo tão usadas nas cozinhas na década de 50, mas para mal dos meus pecados, havia uma portinhola que alguém se encarregou de estragar e por isso não abria.
Sugestões eram aos “montes” dadas pelos meus ilustres camaradas, mas infelizmente, para nossa “desgraça”, não tinham aplicação.
Com as minhas ideias malucas, porque cabia a mim pôr a geringonça a trabalhar, com um funil feito em papel, facilmente “atestei” a cuba de gasolina verde, restando apenas chegar-lhe o fogo e aí é que estava o busílis da questão.
Depois de muita “discussão”, resolvi passar à acção e atar um bocado de desperdício na ponta de um lápis, embebê-lo em gasolina, incendiá-lo, para depois com esta artimanha chegar à tal cuba já atestada.
Não queiram saber, porque a gasolina, sem que me tenha apercebido, escorreu para a minha mão, ao chegar fogo ao desperdício, a mesma começou a arder e eu num movimento instintivo, larguei o lápis para apagar o fogo da mão e por azar, o raio do lápis foi cair exactamente dentro da cuba do aquecedor, espilrando gasolina a arder por todo o lado.
Como o soalho era de madeira já muito antiga e todas as semanas as senhoras da limpeza o lavavam com a tal gasolina verde dos T6, peguei fogo à Secção.
Os meus camaradas piraram-se de imediato, e perante aquele cenário, a primeira coisa que fiz, foi mandar o malfadado aquecedor via aérea pela janela fora, depois despi o blusão, já do fardamento azul, e comecei a apagar o fogo com ele, e nestas coisas quando começam a correr mal, são uma atrás das outras, como o tecido era em polyester, começou também a arder e foi fazer companhia ao aquecedor, e quando já desesperado lá andava a bater o pé para apagar o fogo, reparei no dolmem, ainda da farda cinzenta, do Furriel Amanuense, dependurado na traseira da porta, ele era um dos resistentes que se recusava a vestir a farda azul e veio mesmo a calhar, foi com ele que, finalmente, consegui apagar o fogo.
Após uns momentos de reflexão, lavei o chão para eliminar os vestígios, voltei a arrumar a Secção que estava num caos, recoloquei o aquecedor no seu lugar e fui despejar o blusão e o dolmem longe dali.
Os meus camaradas, vim a encontrá-los na formatura do jantar, que depois do mesmo, foi uma acesa discussão que só não deu lambada porque eu não queria nem podia que aquilo se soubesse.
Quando o Furriel deu pela falta do dolmem é que foi o lindo e o bonito, “quem foi o F... da P... que me roubou o dolmem”, eu conheço-o, se apanho algum cab..., com ele vestido até lhe roo as orelhas, e eu calado que nem um rato, depois, quando estava estava mais calmo, lá lhe mandei a boca, se calhar você deixou-o noutro lado e não se lembra e agora está a tratar mal toda a gente. Palavras sábias, ele ateimava mas sem a mesma convicção e como tinha um ainda um blusão, passou à disponibilidade se vestir a farda azul.

Foi há 40 anos, como o tempo passa.
Oh Furriel Rito, se leres este artigo, perdôa-me, ficaste sem o dolmem por uma boa causa, naquela altura eu fiquei com medo de ficar sem orelhas, e tu estavas muito mau e por cima cheio de razão, podia ter sido pior.

Bom Natal, muitas prendinhas nos sapatos, e um Bom Ano de 2010, para todos os PA e suas respectivas famílias.

Loureiro/68
A MINHA TRANSFERENCIA PARA A B.A.7

Findo o curso ,1975 como já tive ocasião de dizer como 1o Cabo fui dos piores classificados eu desconhecia que naquele tempo as colocações eram feitas mediante a pontuação de cada um, então nem para Beja tive vaga só mesmo nos Açores. Fomos obrigados a passar o fim de semana na B.A.3 para ser informado do nosso destino e também receber a guia de marcha com destino ao DGAFA e esperar embarque.

Precisamente nesse fim de semana que passei em Tancos conheci um velho mas amigo P.A que me convidou para tomar um copo no Bar dos velhos P.As, para lá entrar só por convite enquanto éramos instruendos, conversámos e dada altura me perguntou --- onde vais ser colocado --- eu disse Açores --- diz ele excelente, eu acabei de chegar, quando lá chegares vou te uns conselhos---em primeiro lugar logo que chegues ao quarto vens logo cá abaixo ao terminal e vais á secretaria do Comando meter a transferencia para a Base mais perto de casa. Depois durante os 4 meses de verão em toda a Ilha há as touradas á corda nas ruas, tu foge delas não te armes em valente, porque todos os anos vão para o hospital muitos Continentais da B.A.4 e depois sabes como é não te perdoã, um outro conselho é para dizeres que és meu amigo----amigo do Santarém e eu assim o fiz ele deixou lá uma boa imagem depois soube que era Forcado dos Amadores de Santarém----- só conheci por Santarém, muito gostava de o rever de novo e dizer-lhe também que os conselhos dele me ajudaram.


Meses depois saíram as transferencias,acho que naquela altura éra por via rádio, fomos informádos particularmente por um Cabo amanuense da secretaria e partir daí todos os dias fora de serviço era sempre festa e sempre com muito wiskie. Eu era o No 55 e veio para o 56 57 58 59 e por aí acima só que chegou ao 62 e avançou para o 64 ora o 63 que era o Mondim de Basto um P.A alto gordo estava sempre a transpirar sempre que acordava,aparecia sempre todo ferrado, não era picado pelas melgas, mais pareciam os T6 eram enormes ele mais parecia um alvo de tiro. Então o nosso amigo Mondim que não gostava nada da B.A.4 fazia farra todos as noites e pagava tudo e a todos lá andava todo feliz. Até que saíu a ordem de serviço com os transferidos e o dele passou ao lado.


Entretanto eu saio de serviço da LIMA e vou ao Bar para mais uma farra e ele estava numa outra mesa a um canto sem se misturar, eu que ainda não sabia de nada e tambem gostava de gozar com ele mandei-lhe uma, logo de seguida atirou-se a mim lá foi umas mesas para obras, soco dali soco dacolá pontapés para um lado e para outro , até que tudo acalmou Tudo foi abafado eu vim para o Continente e o pobre do Mondim lá ficou até passar á peluda.

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Coisas do arco da velha
Já não posso precisar o ano mas eu estava lá, houve a comemoração do aniversário da Base 3, ou da Força Aérea, que também não me lembro.
Como de costume, houve a tradicional Formatura Geral na placa, com todo o pessoal devidamente perfilado e bem aperaltado, para gáudio dos altos signatários daquela distinta Base e digníssimos convidados civis e militares.
A Banda, como era de esperar, quis demonstrar que percebia da coisa, esforçava-se para fazer o melhor que sabia e podia com o Zé do Bombo a mandar as suas macetadas da ordem.
No final, ouve o desfile da Força para prestar continência às entidades ali arrumadinhas no palanque.
Como Deus não dorme e há sempre alguém que comunga a mesma opinião, enquanto o Zé do Bombo mandava as suas macetadas, os dois ou três presos que estava na cela da casa da guarda, resolveram aproveitar o barulho e o facto de não estar ninguém nas instalações e com a barra de uma das camas, com movimentos bem sincronizados, fizeram um buraco no tecto da dita cela, mesmo por cima da porta de entrada.
A coisa foi bem feita porque ninguém desconfiou de nada.
A altas horas da noite, o sentinela que tinha o seu posto entre a casa da guarda e a placa, apercebeu-se que uns vultos se iam a raspar, começou aos berros, alto, alto e como não obteve resposta aí vai disto, a velhinha mauzer vomitou fogo para cima deles mas sem sucesso, porque os vultos continuaram a sua marcha.
Foi uma confusão levada dos diabos e as opiniões dividiram-se, uns a acreditar no pobre soldado, outros a dizerem que ele era maluco e que estava a inventar.
Até que houve alguém que se lembrou de ir à cela e os presos nada, tinham uma das mantas enroladas a fazer como ali estivesse alguém a dormir.
Veio a verificar-se, mas tarde demais, o dito buraco.
Rusgas e mais rusgas e nada, o que restava da noite foi bem aproveitado pelos fugitivos.
Nova bronca, mais chatices, mais reforços à benfica e mais porradas.
Foi Sol de pouca dura, passado pouco tempo já tinham sido "arrecadados" outra vez, os tempos eram outros.

Sempre que ouço uma banda militar, vem-me sempre este episódio à ideia.

Pessoal da PA, ponham-se espertos, abram os olhos.

Um abração a todos


Loureiro/68
Uma pequena historia que aconteceu no DGMFA, no passado ano de 1988.


Então foi mais ou menos assim, estava eu de serviço de reforço ao CCDT penso que acompanhado pelo camarada de armas Godinho, andavamos na parte de trás do bar de praças e para quem não conhece o depósito, este fica situado junto ao rio Tejo e com salinas nas proximidades do mesmo, quando senão ouvimos uns tiros, de caçadeira pois aquela zona junto das pistas e perto das salinas existiam coelhos até dizer chega.


Assim e como era de esperar fomos na direcção daqueles tiros para saber-mos o que poderia ser, chegados ao local, gritamos quem lá estivesse que se identificasse, a resposta que nos foi dada foi mais um tirito de caçadeira, nisto fizemos uns tiros de intimidação para o ar e comunicamos ao CCDT o que se estava a passar pedindo reforços, e eis que quase no imediato nos aparece um caçador de braços no ar, caçadeira aberta e com um ou dois coelhos, já não sei precisar, pendurados à cinta. Seguidamente levamos o dito para o CCDT, a arma os cartuchos, o(s) coelho(s) e o sargento de serviço ao CCDT, chamou a GNR de Alverca à qual fizemos a entrega de "tudo", eheheh. Naquele dia fiquei com o sentido de dever cumprido, só não sei o que aconteceu depois ao caçador e principalmente aos dois(?) "coelhitos". "
Um abraço a todos

Carlos Aguincha - DGMFA
Cá vai uma pequena história aqui do Tenente maçarico.

Um dos primeiros dias de Graduado de Serviço ao CCSD, como Alferes, com aquele querer de fazer o que me tinha sido ensinado na OTA - ACÇÃO E MAIS ACÇÃO.
Recebo uma chamada da Porta d´Armas, porque havia uma senhora muito bem vestida que tinha chegado num grande Honda Civic, com um Senhor de aspecto duvidoso. Antes de me deslocar para lá, recebo uma chamada da ESQ. XXX, de um MILITAR, a dizer que estava uma prima dele na Porta d´Armas, para vir a uma festa na Esquadra. Eu informei que quem podia dar a autorização era o Oficial de Dia, desde que tudo tivesse em conformidade.

Aquando da minha chegada à Porta d´Armas, dou de caras com uma linda rapariga, alta, loira, muito bem vestida, mas de forma estranha para uma festa.
Quando é solicitada a identificação da senhora, reparo de que se tratava de uma Cidadã Brasileira - pensei: prima Brasileira, está bem!!!!!! - e que referia que não tinha qualquer identificação válida. Questionei quem era o familiar que vinha visitar e a senhora informou que era um dos Pilotos de Caça da Base?????????????????' - e pensei, "... bolas, os FIAT G91 já sairam da BA6 para a BA11, no princípio dos anos 90!!!!!!!!

Na continuação, recebo uma comunicação do CCSD, de que o Oficial de Dia autorizava a entrada da Senhora. Novo pensamento: "... interessante, ainda ninguém do Pessoal de Serviço da PA, ligou para lá a dizer que se encontrava pessoas a querer entrar...". Liguei de imediato para o Oficial de Dia a informar que a não podia ser concedida autorização de entrada à senhora em questão, em virtude de não possuir identificação válida. Recebi logo a informação de que se não deixasse entrar a senhora, havia uma participação disciplinar contra mim, portanto era deixar entrar e siga. Mais um pensamento: "... o palhaço do Bico, está-me a dizer como é que devo fazer o meu serviço..." Apesar de me apetecer ir lhe dizer umas quantas verdades, informei de que se entrasse, eu colocaria no meu Relatório de Serviço e o Senhor CMDT da Unidade tomaria conhecimento e por consequência entregaria uma participação ao meu CMDT de Esquadra contra o Oficial de Dia.

Logo o Oficial de Dia me informou que não havia necessidade de chegarmos a esse ponto, que eu devia agir como estava escrito.
Assim, solicitei à Senhora que se retirasse. A mesma abandonou o local e o Pessoal de Serviço da PA foi convidado para irmos à festa comer e beber à vontade. Como Graduado que me preocupo como bem-estar do meu pessoal, fui à Esquadra XXX buscar umas Bifanas, Entremeadas e uns Sumos, para acrescentar ao reforço que nos é facultado pela Unidade, sem pagar nada, pois, a entrada na festa era de 5 Euros. Estavam muito saborosas, eheheheh!!!!!!!!

Assim, quando saí de serviço, fiz o meu relatório a informar de Serviço Normal, sem quaisquer ocorrências.

SAUDAÇÕES.
MIGUEL LEAL
TEN/PA - BA6
Boa noite a todos, Camarada Loureiro, quando cheguei a B.A.7 vindo dos Açores, encontrei o Oficial Freire como Comandante daquela Base o Posto certo não me lembro mas é como tu dizes era uma excelente pessoa, ainda este verão que passou me cruzei com ele em S. Jacinto, havia uma festa na Base e ele ia participar. Também tenho algumas histórias passadas nessa Base que com o tempo irei contar, mas agora vou voltar mais uma vez aos Açores mais propriamente a B.A.4

Ainda era verão de 1975 um Domingo de muito Sol, eu estava de serviço Cabo de Dia, lá em cima perto do cinema Azória, havia um jardim que por sinal ficava na parte mais alta da nossa Base, e havia também ao fim de semana o hastear e o arrear da Bandeira Portuguesa e isso era feito pelo Piquete + Cabo Dia e Sarg. Dia, não me lembro agora se lá estava o oficial do Dia também. esse jardim ao fim de semana sobretudo ao Domingo era frequentado por casais de namorados e outros civis.

Não sei se sabem que naquela altura os militares mais mal classificados em cada curso sendo eles P.As e as outras especialidades também, no final toda gente escolhia sempre para mais perto e os últimos teriam que se sujeitar ao que sobrava. Para exemplo no meu curso deu 30 Cabos os últimos 5 eu incluído, tivemos que ir para lá. Nesse Domingo 6 horas ou 7 não me lembro lá fui com o piquete ao arrear da Bandeira. Toda gente bem equipada, lenço azul ao pescoço luva branca botas bem engraxadas----Vamos lá formar e com aquelas cerimónias todas tinha-mos que ter musica, e para isso tinha que ir o CLARIM Já formados ordem do Sarg. ou do Oficial o musico começa a tocar--- toca toca toca continua a tocar té té té té té té té e nunca mais acabava, e nós ali com a arma para a Bandeira e o gajo sempre a tocar, e o pessoal civil a perceberem o que se estava a passar, porque muitos deles estavam lá todas as semanas e o corneteiro sempre a tocar ( Ainda hoje ele lá estaria ) ele não conseguia encontrar o fim da musica, até que um dos graduados lhe disse em vós de maneira que ele ouvisse e os outros também olha lá ó filho da p----- acaba essa mer----- acaba de qualquer maneira seu car---------e assim fez coitado do clarim nunca mais o vi mas também nunca mais fui á Bandeira.

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012
Coisas do arco da velha......


Penso que em 1969, na BA7-S.Jacinto, fomos brindados com a visita do Sr. Gen. Krus Abecassis, Mui Digno Comandante da 1ª. Região Aérea.

As tropas em parada na placa, lá estavam todas aprumadas e com as botas bem engraixadas para receber tão ilustre personagem.
Como era da praxe, acompanhado pelo Comandante da Força, foi passar revista às tropas em parada.
Naquela altura o pessoal do Serviço Geral ainda usava a farda cinzenta, de pelo-de-rato com camisa verde e gravata preta, o Sr General parou em frente ao Soldado S.Intº. conhecido por Lisboa, um tipo altamente desenrascado, manhoso, com uma boa dose de malandrice e com um atrevido sentido de bom humor (coisa que começa a faltar). O Sr General apontou-lhe com o dedo indicador para o que restava do colarinho da camisa, pois apenas restava a intertela para segurar a gravata e “disparou”sem mais aquelas:
Oh nosso soldado, tu não tinhas outra camisa para te apresentares?
Tenho Sr General, mas está pior do que esta.
Então porque é que não as trocas?
Já tentei, mas o Sargento não mas trocou.
O Sr General olhou com cara de poucos amigos para o Comandante da Força que ainda não tinha reparado naquele pormenor e continuaram a revista.
Terminada esta formalidade, o Sr. General foi para o palanque, seguiram-se os tradicional discursos e depois houve o desfile das tropas.
Quando foi mandado destroçar, o Lisboa era o centro das atenções, teve que contar a história vezes sem fim e todos o sentenciavam, está lixado, o Comandante “xispas”, (Ten.Cor.Pil.Av.-José Ferreira Valente-2º.Comandante) mau como as cobras, vai dar cabo de ti.

O nosso soldado Lisboa, com a “lata” que toda a gente conhecia, não estava nada atrapalhado e disparava, estou, estou, quem está lixado é ele, para a semana passo à “peluda” e depois agarram-me pelos ..... .
Seguiu-se as visitas às instalações.
O Sr. General, acompanhado do Sr. Comandante “xispas” foram à camarata dos alunos pilotos do (P1/69), cujo Comandante de Instrução era o nosso querido amigo Cap.PA- António Perestrello, agora Coronel.

O Sr General sabia bem do que é que ia à procura, o seu filho era um dos aluno pilotos daquele curso. Foram às casas de banho (não é normal um General ir a semelhante sítio) e deparou-se com uma cadeira sem tampo que fazia engenhosamente de sanita por as cagadeiras serem rasteiras, olhou para o anfitrião e perguntou-lhe o que era aquilo, o Comandante “xispas” passou-se, chamou pelo cabo faxina, fez a mesma pergunta que o Sr. General e o pobre do cabo lá explicou o que aquilo era, e que já estava ali há muito tempo, esta ultima parte foi pior a emenda do que o soneto, não foi preciso mais nada, o Comandante que já estava “picado” pela história do colarinho do Lisboa e a seguir aquela, não se conteve, amandou um selo na “tromba” do cabo mesmo à frente do General.

Esta cena foi em privado, só eles é que viram, mas não havia ninguém que não comentasse e não se ri-se com a passagem e esta coisa de agredir um inferior na presença de um superior, era e penso que ainda é, coisa grave.

A verdade é que passado muito pouco tempo o Comandante Xispas (como era conhecido) passou à reserva ou há reforma e certamente que a causa deveria estar directamente ligada a estes episódios, porque ele não foi pelo pé dele, senão não tinha o desabafo que teve, ATRÁS DE MIM VIRÁ, QUEM DE BOM DE MIM FARÁ.
Foi substituído pelo Sr. Maj.Pil.Av. Freire, irmão do cantor da Pedra Filosofal, que por acaso eu já não conheci mas diziam que era muito boa pessoa e que a Base não tinha perdido com a troca.

Um abração a toda a família PA

Loureiro/68
Coisas do arco da velha...

Fui ao baú das minhas recordações e lá estava mais uma estória da BA7-S.Jacinto.

Com o "nascimento" da Força Aérea, também o património da marinha ligado às coisas do ar foram transferidos para esta nova força.
Pelo que me lembro de ter visto por lá em qualquer lado, a BA7, era chamada pelos seus ex-proprietários por Escola de Aviação Naval Gago Coutinho, cuja pista para amaragem dos hidro-aviões era a Ria de S.Jacinto.
Após essa operação, as aeronaves eram puxadas através de uma rampa para o hangar, instalação essa que, por terem acabado esse tipo de aeronaves, foram transformadas nas oficinas de material terrestre.
Certo dia, penso que em 69, um condutor-auto resolveu estacionar um Land Rover na dita rampa e foi encher um balde com água da ria, possivelmente para lavar a viatura, o que por si só não era muito aconselhável por a água ser salgada.
O militar quando subia a rampa com o balde na mão, possivelmente porque a alavanca do travão de mão se tenha soltado por algum motivo, a viatura, apesar de engatada, dada a inclinação da mesma, começou a vencer a compressão do motor e começou a descer a rampa, aos "soluços", o pobre coitado com a aflição de querer fazer a mesma parar a sua marcha, virou o balde da água, escorregou, parece que uma das rodas lhe passou por cima dum pé, e ainda bem que isso aconteceu porque assim, evitou que o condutor acompanhasse a viatura para a ria.
Foi um desatinho naquela Base, depressa se espalhou a notícia que tinha caído um geep à ria e não se sabia se o condutor estava lá dentro.
Este facto novo, fez com que magotes de curiosos se deslocassem ao local afinal para nada, apenas para olhar para a água e mandar uns "bitaites".
Ao outro dia, a meio da manhã, chegou uma barcaça da Junta Autónoma do Porto de Aveiro com uma equipa de 3 especialistas com incumbência de "amarrar" um cabo à viatura para ser rebocada.
Aquilo foi uma cena digna de ser filmada, um dos homenzinhos ajudado pelos outros dois, vestiu um fato que parecia ser borracha, enfiaram-lhe na cabeça um capacete em bronze, calçaram-lhe umas botifarras que deviam pesar umas dezenas de quilos, puseram-se a dar à bomba, tudo OK, homem à água.
Eles deviam ter algum código porque junto com o tubo onde passava o ar também ia uma corda por onde eram transmitidos os sinais.

Estão a imaginar, mirones eram aos "montes".

O mergulhador lá devia ir dando os seus sinais, mas a determinada altura, correu qualquer coisa mal e o homenzinho dava sinais e mais sinais e os seus colegas davam corda e mais corda até que, a dado momento, a corda deixou de mexer, um dos homens da bomba começou a transmitir sinais com a corda e nada, não havia resposta, aflitos, toca de puxar o infeliz para a barcaça, tiraram-lhe o capacete e o pobre homem não dava sinal de si e todos pensamos, morreu.
Eram só "ordens" de terra, e a companha lá iam fazendo o que podiam para reanimar o infeliz e tantos maus tratos lhe deram que o "pobre" do mergulhador, aos poucos foi reagindo positivamente aos esforços dos seus companheiros.

Todos respiramos de alívio, da apreensão veio o sorriso e aqueles pobres coitados ouviram uma merecida salva de palmas, afinal o homem ainda estava vivo, tinha escapado.
Arrumaram os apetrechos, disseram-nos adeus e foram-se embora e nós também.
Ao outro dia, novo alerta, tinha chegado outra equipa, desta vez parecia uma tripulação do Calipso com o Comandante Cousteau a bordo, mergulhadores modernamente equipados com aparelhagem de respiração autónoma e foi um ápice, a operação durou poucos de minutos, um dos mergulhadores veio à tona, deu ordens para se iniciarem as manobras de rebocagem e a viatura lá veio devagarinho para terra.
De imediato os MMT procederam a lavagem com água doce, para depois fazerem a devida reparação.

Afinal era tão fácil, com mais um bocadinho de azar, a coisa tinha dado para o torto.

Oh camarada Monteiro, ouviste por lá falar desta passagem trágico-cómica???

Tenho família na Murtosa e no Verão estive no portão da Base, mas como estava à espera da lancha, não deu para mais nada, mas ainda fui ao Gato Preto mamar uma loirinha.

1 abração a toda a família PA

Loureiro/68
Boa noite, rapaziada PA
Loureiro (msg. # 292), grande máquina obrigado ! Essa foi boa, mesmo !
Aqui vai esta: numa determinada Base da Força Aérea, lá para a segunda metade da década de "80", estava eu, como GSCCD (Graduado de Serviço ao Centro Coordenador de Defesa, na época era assim designado), sózinho, de madrugada, na Sala de Operações e Controlo desse Centro quando, do silêncio à volta, ouvi um barulho de pesados passos apressados em aproximação, vindos do lado de fora do CCD.
Esbaforido, encarnado como um tomate, transpirado e com os olhos brilhantes de entusiasmo, entra-me pela sala um SOLD/PA (de nome Alves, se bem me recordo).
Estranhei porque, de acordo com os turnos de serviço, naquela altura da madrugada, o Alves estando escalado para um posto de serviço, não longe dali, deveria estar a descansar na Casa da Guarda e não acordado e bem desperto como se via. Naquela altura, até os gatos dormiam e até porque ele não era o tipo de "cumprir horários de rendição".....!
Bem, lá me foi dizendo que tinha permanecido, nas ultimas TRÊS horas, após ter sido rendido, a vigiar atentamente as movimentações de viaturas civis (e seus ocupantes) que, amíude, escolhiam a periferia sul daquela Unidade para as suas "consumações amorosas".
Ok, e daí? Daí, ele pretendia levantar os binóculos do CCD e, regressando ao seu posto de observação improvisado, utilizá-los para, assim, poder obter mais e melhor observação sobre os "ameaçadores alvos".
Fui-lhe dizendo logo que não ( até porque não me estava a apetecer dar grande atenção aquela situação tão frequente e quase diária, que ele descrevia e, bem assim, não me apetecia estar-lhe a alimentar os dotes "hiper-vigilantes", ao lhe emprestar os binóculos). Lá o convenci ( achei eu) a se ir deitar e tentar esquecer essas "operações de defesa nocturnas". De facto, ele lá se retirou, contrariado e denotando um profundo desalento.
Normalidade restabelecida, com o regresso do silêncio que naquelas horas se impunha, não me abandonava, contudo, a dúvida sobre se o Alves teria, realmente, efectuado o que lhe tinha dito.
Bom, se bem o pensei, melhor o fiz. Decorridos uns bons vinte minutos, lá acordei o 1CAB Controlador de Serviço, fi-lo substituir-me no CCD e lá fui eu, pé ante pé, verificar a cama do Alves. Óbviamente, esta estava vazia. Claro que só existiria uma outra leitura....e lá fui eu, para a periferia Sul da Unidade, tentando perceber o que (e onde) estaria o Alves a fazer.

Estava escuro como breu, caía uma geada cortante e, de facto, não estava lá muito agradável para o estabelecimento de "operações nocturnas" exteriores.
Realmente, lá estavam os habituais carros, do lado de fora da Unidade, junto à periferia e, pelo embaciamento dos vidros, fácilmente se adivinharia o que se desenrolaria no seu interior. Nisto, quando transponho uma vala,no meio do nada completamente às escuras, sem lanterna, aterro em cima de um corpo imenso, estranhamente macio, escuro (o Alves era um colosso e, então, envolvido com mais dois cobertores azuis, uma manta às riscas e casaco de abafo vocês imaginam) e imóvel, colado ao chão.

Ao tropeçar nele, quase desamparado, tinha acabado de o acordar de um sono profundo onde aquele infeliz, com todo o frio que se fazia sentir à volta, tinha acabado de mergulhar....como grande inconsciente que foi !
Não se lembrando (ou não querendo lembrar-se, tal era o entusiasmo de "observador periférico") que, naquele horário, já passava (e muito) da hora da rendição, tinha acabado por ser vencido pelo sono e, sózinho, deitado naquele solo gelado por ali ficara (e ficaria não fosse entretanto acordado) exposto a uma pneumonia (ou algo pior). Era Inverno agreste na época !

Claro que regressou ao CCD a "toque de caixa" e, para refrear os entusiasmos de "vigilante periférico" lá "papou" uma "bordada extra" no posto de serviço, para compensar o camarada a quem tinha dado "seca" na rendição.
Soube, por outros, mais tarde, que não serviu de nada uma vez que, durante um dilatado período de tempo, mesmo nas folgas, lá voltava ele para a sua "preferida missão de vigilância periférica" .....! Grande teimoso ! Mas rijo PA!! Pudera, era um transmontano dos duros !

Um grande abraço para todos os PAs

M.Calçada
SCH/PA