sábado, 6 de março de 2010

O BURRO QUE GOSTAVA DE AVIÕES

BA-4 O BURRO QUE GOSTAVA DE AVIÕES


Amigos P.A. s Boa tarde. Os serviços nesta base eram feitos por equipes de oito elementos, sempre durante 6 horas durante as 24 horas, depois havia uma equipe de piquete e outra que fazia a folga, no total seriamos 6 equipes... Por norma, os membros de cada equipe dormiam quase sempre no mesmo quarto, eu por acaso tinha um só com três camas, e porquê? Quando lá cheguei fiz parte do grupo que rebentou as fechaduras a 3 edifícios que estavam á meses prontos e que não se decidiam a autorizar a nossa muda para lá, porque se assim não fosse esperava-me a bidonville que não seria nada agradável.

Eram meus companheiros de quarto o Vinagre de Viana do Alentejo e o Rita taxista na praça de Oeiras, o 28, mais velhos que eu um turno. O único que não era da minha equipe e que dormia no quarto do meu grupo era o Chaparro mais velho também e Alentejano geria o antigo bar da P.A. na bidonville, e que no segundo dia de eu lá estar me convidou para uns petiscos, quando lhe perguntei o que era aquilo e me disse é carne de ouriço cacheiro quase que o matava. Bom camarada este Alentejano. E é sobre ele que eu vou falar.


Era madrugada, 4 ou 5 horas quando eu estava de patrulha na LIMA junto ao Bolling quando o rádio do Mark Frye, este camarada era do Colorado dá o alerta que na parte final da pista principal junto ao mar à algo de estranho, partimos para lá a todo gaz, chegámos rápido e na verdade andava um burro à solta a pastar muito perto do asfalto da pista com uma corda ao pescoço arrastar, lá o movimento aéreo é constante o que poderia ser perigoso. Chovia pouco mas chovia, o América nem saíu do carro, dizia o burro é Português. Pensei já estou f*****. Amarrei a corda a traseira da pikup e lá viemos embora em direcção ao nosso lado, mas o que faço ao burro, pensava eu? Ir ao Oficial do Dia não, o Sargento estaria a dormir, mas quando vou a descer em direcção ao Control da P.A. tive uma ideia---STOP Mark, vira aí, desamarrei o animal e pedi ajuda ao América, á frente da camarata tem dois lanços de escadas com 6 ou 8 degraus em cimento, eu à frente puxava a corda o meu amigo empurrava a trás, ele só dizia Piei = P.A. Creizy Piei Creizy o gajo estava a chamar-me louco, só lhe dizia cala-te ( c***** ) e empurra, por fim lá conseguimos, entrei no corredor por sorte o burro não tinha os ferros nos pés e não fazia barulho abri a porta, estava o Chaparro a dormir entrei por lá dentro e prendi o burro o mais que pude junto á cabeça dele, mais parecia o menino jesus.

O América o resto do turno não se calava só dizia creizy creizy creizy.

Por fim o turno acabou fui o primeiro a ir para o meu quarto, dormi até meio da tarde não comentei com ninguém, eu sabia que os Chefes andavam a investigar então o Sarg. Octávio se me pudesse pegar, não gostava de mim nem um pouquinho, há uns tempos atrás liguei para a Cruz Vermelha de Angra porque tomei conhecimento que se encontrava por lá, falámos um pouco onde lhe perguntei você lembra-se de mim? Respondeu-me de imediato, claro você era o Cabo mais rebelde da época.

Ó meu Sargento lembra-se que quando veio para a secção de identificação, não havia cinturão que lhe servisse tiveram que ir ao sapateiro coser um ao outro, ( você era mau.) Se estiver a ler esta minha mensagem receba um saudoso abraço …Que saudades meu Deus…à 15 meses atrás estive aí a passar férias, não falei consigo porque estava hospitalizado, mas qualquer dia será. Saúde para si um Abraço. Por agora termino abraços para todos em especial para os camaradas da nossa B.A.4 UMA VEZ PA PARA SEMPRE PA

Antonio Monteiro 1ºCabo P.A 020012

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