quinta-feira, 5 de março de 2009

AS MINHAS BOTAS

Vou contar uma pequena história que se passou comigo na recruta, que recordo, principalmente por dois factos, 1º. pela parada estar toda à minha espera (eu a pagar o castigo) e 2º. pela ironia do destino que foi eu depois estar à espera deles, do meu pelotão, pela mesma razão, as botas, que deviam estar a brilhar e nos dois casos não estavam.

Então aqui vai:

Corria o ano de 1987, encontrava-me na BA-3, na fase da recruta, era uma 6ª. feira, na formatura do pequeno-almoço, o comandante de pelotão ao passar a revista parou na minha frente e olhou para as minhas botas, estavam mais baças que um vidro embaciado, pois não tive tempo de as secar, a semana tinha sido dura e debaixo de mau tempo, escusado será dizer que tive de pagar com o corpo com 50 completas e toda a parada à espera que eu acabasse de pagar a factura para poder-mos destroçar.

Assi, logo que acabei de pagar o “castigo”, cada pelotão e a mando do seu comandante teve destinos diferentes, sendo que o meu e ao contrário daquilo que todos nós pensávamos, que era ir até aos telheiros ou fazer umas arrumações, fomos dar ao cabedal para a zona muito enlameada, zona da vacaria.

Ali andámos até faltar pouco tempo para nos podermos fardar para a formatura da entrega dos passaportes para mais um fim-de-semana. Foi uma grande azáfama a tomar banho e principalmente a engraxar botas, pois todos eles, antes de ir-mos para aquela zona tinham calçadas as botas engraxadas e a brilhar, EXCEPTO eu, (eu tinhas os dois pares de botas com missões distintas, umas para a batalha semanal de instrução e umas sempre a brilhar, prontas para as saídas) apenas precisei de calçar as botas engraxadas e guardadas para as saídas, sendo que depois na formatura geral foi a minha vez de os ver a pagar o castigo com as completas por a botas não estarem devidamente engraxadas.

Digamos que esta foi a parte "doce" daquele dia pra mim.

Carlos Aguincha
Sold/PA - 082633-C DGMFA