sábado, 6 de março de 2010

Coisas do arco da velha......


Penso que em 1969, na BA7-S.Jacinto, fomos brindados com a visita do Sr. Gen. Krus Abecassis, Mui Digno Comandante da 1ª. Região Aérea.

As tropas em parada na placa, lá estavam todas aprumadas e com as botas bem engraixadas para receber tão ilustre personagem.
Como era da praxe, acompanhado pelo Comandante da Força, foi passar revista às tropas em parada.
Naquela altura o pessoal do Serviço Geral ainda usava a farda cinzenta, de pelo-de-rato com camisa verde e gravata preta, o Sr General parou em frente ao Soldado S.Intº. conhecido por Lisboa, um tipo altamente desenrascado, manhoso, com uma boa dose de malandrice e com um atrevido sentido de bom humor (coisa que começa a faltar). O Sr General apontou-lhe com o dedo indicador para o que restava do colarinho da camisa, pois apenas restava a intertela para segurar a gravata e “disparou”sem mais aquelas:
Oh nosso soldado, tu não tinhas outra camisa para te apresentares?
Tenho Sr General, mas está pior do que esta.
Então porque é que não as trocas?
Já tentei, mas o Sargento não mas trocou.
O Sr General olhou com cara de poucos amigos para o Comandante da Força que ainda não tinha reparado naquele pormenor e continuaram a revista.
Terminada esta formalidade, o Sr. General foi para o palanque, seguiram-se os tradicional discursos e depois houve o desfile das tropas.
Quando foi mandado destroçar, o Lisboa era o centro das atenções, teve que contar a história vezes sem fim e todos o sentenciavam, está lixado, o Comandante “xispas”, (Ten.Cor.Pil.Av.-José Ferreira Valente-2º.Comandante) mau como as cobras, vai dar cabo de ti.

O nosso soldado Lisboa, com a “lata” que toda a gente conhecia, não estava nada atrapalhado e disparava, estou, estou, quem está lixado é ele, para a semana passo à “peluda” e depois agarram-me pelos ..... .
Seguiu-se as visitas às instalações.
O Sr. General, acompanhado do Sr. Comandante “xispas” foram à camarata dos alunos pilotos do (P1/69), cujo Comandante de Instrução era o nosso querido amigo Cap.PA- António Perestrello, agora Coronel.

O Sr General sabia bem do que é que ia à procura, o seu filho era um dos aluno pilotos daquele curso. Foram às casas de banho (não é normal um General ir a semelhante sítio) e deparou-se com uma cadeira sem tampo que fazia engenhosamente de sanita por as cagadeiras serem rasteiras, olhou para o anfitrião e perguntou-lhe o que era aquilo, o Comandante “xispas” passou-se, chamou pelo cabo faxina, fez a mesma pergunta que o Sr. General e o pobre do cabo lá explicou o que aquilo era, e que já estava ali há muito tempo, esta ultima parte foi pior a emenda do que o soneto, não foi preciso mais nada, o Comandante que já estava “picado” pela história do colarinho do Lisboa e a seguir aquela, não se conteve, amandou um selo na “tromba” do cabo mesmo à frente do General.

Esta cena foi em privado, só eles é que viram, mas não havia ninguém que não comentasse e não se ri-se com a passagem e esta coisa de agredir um inferior na presença de um superior, era e penso que ainda é, coisa grave.

A verdade é que passado muito pouco tempo o Comandante Xispas (como era conhecido) passou à reserva ou há reforma e certamente que a causa deveria estar directamente ligada a estes episódios, porque ele não foi pelo pé dele, senão não tinha o desabafo que teve, ATRÁS DE MIM VIRÁ, QUEM DE BOM DE MIM FARÁ.
Foi substituído pelo Sr. Maj.Pil.Av. Freire, irmão do cantor da Pedra Filosofal, que por acaso eu já não conheci mas diziam que era muito boa pessoa e que a Base não tinha perdido com a troca.

Um abração a toda a família PA

Loureiro/68

Sem comentários:

Enviar um comentário