sábado, 6 de março de 2010

BA7 S.JACINTO 1968

Em 68 não me lembro que houvessem cães de guerra na PA, mas acredito que os houvesse, mas admira-me porque sendo a BA3 a Base de Instrução do Serviço Geral, para além de um ou outro rafeiro, apenas haviam 2 lindíssimos Galgos de cor escura que estavam num canil ao pé das bombas de gasolina e que aliás, faziam parte do emblema daquela Base.
Na BA7 haviam muitos cães que não pertenciam a ninguém mas eles sentiam-se bem por ali, comida não lhes faltava e isso bastava-lhes e alguns dos soldados que estavam de reforço, levavam um cordel e amarravam-os ao cinturão para poderem dormir mais descansados, quando vinha a ronda, o cão dava sinal, eles desamarravam o animal e nunca eram apanhados a dormir, toda a gente sabia disso mas ninguém ligava.
O mais desejado cabo da guarda era o Silva, já falecido, infelizmente, estava colocado na Esquadra de Pessoal e era por conseguinte o encarregado dos passaportes e assim, toda aquela soldadesca não queria entrar em desagrado com essa personagem bem disposta mas que não abria mão do seu poder (ele é que tinha a chancela do Capitão).
Como o pessoal das messes tinham outros meios, o amigo Silva, quando estava de serviço, lá conseguia por artes e manhas descolar um garrafãozito de 5 litros de tinto e quando lhe dava na cabeça, lá ia ele com 3 ou 4 soldados armados com vassouras e rodos e com a bomba às costas para fazer a sua obra de caridade, e pôr os sentinelas a dar de beber à dor até querem, e por ali andava até acabar o precioso líquido.
Era uma máquina, logo de manhã, quando se levantava, começava a disparar o morteiro com pólvora seca e era uma confusão e aquela alma, alheia aos comentários lá ia dizendo, não gostas, chuta para canto, são fresquinhos, são fresquinhos.
40 anos, são muitos anos, velhos tempos.
Um abraço
Loureiro

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