sábado, 6 de março de 2010

Coisas do arco da velha
Já não posso precisar o ano mas eu estava lá, houve a comemoração do aniversário da Base 3, ou da Força Aérea, que também não me lembro.
Como de costume, houve a tradicional Formatura Geral na placa, com todo o pessoal devidamente perfilado e bem aperaltado, para gáudio dos altos signatários daquela distinta Base e digníssimos convidados civis e militares.
A Banda, como era de esperar, quis demonstrar que percebia da coisa, esforçava-se para fazer o melhor que sabia e podia com o Zé do Bombo a mandar as suas macetadas da ordem.
No final, ouve o desfile da Força para prestar continência às entidades ali arrumadinhas no palanque.
Como Deus não dorme e há sempre alguém que comunga a mesma opinião, enquanto o Zé do Bombo mandava as suas macetadas, os dois ou três presos que estava na cela da casa da guarda, resolveram aproveitar o barulho e o facto de não estar ninguém nas instalações e com a barra de uma das camas, com movimentos bem sincronizados, fizeram um buraco no tecto da dita cela, mesmo por cima da porta de entrada.
A coisa foi bem feita porque ninguém desconfiou de nada.
A altas horas da noite, o sentinela que tinha o seu posto entre a casa da guarda e a placa, apercebeu-se que uns vultos se iam a raspar, começou aos berros, alto, alto e como não obteve resposta aí vai disto, a velhinha mauzer vomitou fogo para cima deles mas sem sucesso, porque os vultos continuaram a sua marcha.
Foi uma confusão levada dos diabos e as opiniões dividiram-se, uns a acreditar no pobre soldado, outros a dizerem que ele era maluco e que estava a inventar.
Até que houve alguém que se lembrou de ir à cela e os presos nada, tinham uma das mantas enroladas a fazer como ali estivesse alguém a dormir.
Veio a verificar-se, mas tarde demais, o dito buraco.
Rusgas e mais rusgas e nada, o que restava da noite foi bem aproveitado pelos fugitivos.
Nova bronca, mais chatices, mais reforços à benfica e mais porradas.
Foi Sol de pouca dura, passado pouco tempo já tinham sido "arrecadados" outra vez, os tempos eram outros.

Sempre que ouço uma banda militar, vem-me sempre este episódio à ideia.

Pessoal da PA, ponham-se espertos, abram os olhos.

Um abração a todos


Loureiro/68

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