sábado, 6 de março de 2010

Coisas do arco da velha....


1968- Havia na BA3 um Soldado Telefonista, do Norte, que tinha uma dinâmica fora do vulgar, para além de fotógrafo nas horas vagas, era ele quem organizava as excursões do pessoal todos os fins de semana, começando no Porto, e apanhando o pessoal por aí a baixo até lotar a camioneta.
Porque era um tipo fixe e desenrascado, gostava da petiscada, não havia cão nem gato que não o conhecesse na Base, e como tinha um sentido mercantilista apurado, não perdia a mais pequena oportunidade de ganhar mais uns cobres com a sua inseparável máquina fotográfica.
Certo dia, lá para os lados da Capela, fui encontrar o marmanjo com um cenário muito bonito alusivo à Força Aérea encostado à parede e com uma vintena de candidatos à espera da sua vez para tirar a respectiva fotografia.
O esquema estava bem montado, o pessoal tirava a fotografia, diziam quantas fotografias queriam, pagavam 50%, como era pessoal que tinha acabado a Especialidade e eram colocados noutras Bases, ele mandava as fotografias pelo correio e eles depois mandavam os outros 50% que faltavam para liquidar a dívida.

Quando chegou a minha vez, como tínhamos bom relacionamento, ele mandou-me ficar para trás com a desculpa de que para mim era de graça, e ele lá continuaou a sua tarefa, indo dar aquela ajudazinha à profissional levantando o queixo colocando o bivaque à maneira, sugerindo um sorrisozinho e só depois vinha disparar a flashada da ordem.
Para a coisa andar mais depressa, ele tirava a fotografia e eu disponibilizei-me para fazer a parte administrativo.

Depois de despachar o movimento, só estava eu e ele, e mandei-lhe a “boca”, oh pá, há aqui qualquer coisa que não bate certo, os gajos dão-te 50%, vão para as Bases, recebem as fotografias e está-se mesmo a ver que depois de estarem servidos estão-se marimbando para ti e não mandam dinheiro nenhum, a não ser!!!!!
E ele respondeu-me com uma gargalhada: a não ser que eu nem rolo tenho na máquina e os gajos estão e pensar que me vão enganar e quem os enganou fui eu, só me enganaram ao princípio, agora as fotografias extraviam-se pelo caminho e eles que se vão queixar aos correios.

Eu disse-lhe isso não se faz, é vigarice e ele respondeu: ai é? E quando eles me enganaram a mim o que é que foi?
Não havia nada a fazer.
Passado pouco tempo andava a vender rifas a 25 tostões para o sorteio de um rádio com gravador de cassetes.
Como o rádio era bonito e parecia bom, não faltaram candidatos e é claro, foi feito o sorteio e calhou a um gajo da Engenharia, que azar.
Não tinha emenda.

1 Abração
Loureiro/68

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