sábado, 6 de março de 2010

Camaradas
Como o prometido é devido, aqui estou a contar o que me disseram sobre o modo como chegaram ao co-autor da colocação das bombas na BA3.

Aceito que possivelmente venha a ferir algumas sensibilidades, mas a missão da PA é a de defender os meios humanos e o património da Força Aérea e como tal, ontem como hoje, jamais poderia estar do lado dos que, movidos por outros interesses, tenham causado, causem ou venham a causar prejuízo à nossa arma do coração.

Quando os investigadores da DGS chegaram ao hangar onde tinham colocado as bombas que arrasou com todas as aeronaves que ali estavam parqueadas, mercê das muitas visitas ao local por mórbida curiosidade e possivelmente com as melhores das intenções de ajudar, outros não, possivelmente, grande parte dos vestígios que poderiam ser importantes para a investigação, foram naturalmente devassados, porque nestas coisas, há e haverá sempre quem esteja favor e contra, e se ná época era complicado, no presente ainda o é, e assim será enquanto houver cabeças pensantes.
Vistas as coisas a esta distância temporal, os laboratórios de Polícia Científica eram muito rudimentares comparados com os de hoje, não só em meios humanos, como também em equipamentos de nova geração como só estamos habituados a ver nos filmes.
Segundo narração do investigador, de utilidade imediata, pouco mais tinha sido encontrado de útil do que dois fragmentos de pilha que serviram como fonte energética para o mecanismo de detonação das bombas.
Uma das pilhas, ainda era visìvel o número do lote, enquanto a outra, teria parte da etiqueta onde estava inscrito o preço da mesma.
Por incrível que pareça, os investigadores, entre outras posíveis pistas que também pegaram, encontraram ali o que viria ser a resposta ao enigma, COMO É QUE AS BOMBAS VIERAM AQUI PARA ???
Através do número do lote, foi possível saber para onde parte dele foi vendido, “atacando” eles, todos os armazenistas e depois retalhistas por onde as referidas pilhas tinham passado.
O preço das pilhas, ligeiramente mais barato do que os preços das tabacarias e estabelecimentos similares, restando a outra hipótese, um estabelecimento de mair dimensão como os supermercados, decerto que hoje seria mais difícil com os hiperes.
Como o pessoal que estava de serviço naquela noite mais alguns que por algum motivo tinham ficado na Base3, não eram muitos, por exclusão de partes, chegaram ao pessoal que tinha acesso ao hangar.
Munidos das fotografias do tal pessoal, “carregaram” em cima de todas as “caixas” dos supermercados e estabelecimentos das imediações que vendiam pilhas àquele preço, confrontando-as com as fotografias dos suspeitos e naquele tempo não era a bricar, só o nome daquela gente, punha qualquer um a a fazer contas de cabeça, e a coisa era séria demais para se estar a armar em encobridor.
Uma das “caixas” pareceu reconhecer a personagem duma das fotografias expostas, apenas com a diferença do bigode que lhe fez causar algumas dúvidas, mas de qualquer modo, já era um passo importante, e verdade é que foi o indício mais credível que eles tinham encontrado até ali, segundo opinião do investigador.
Como 1 + 1 é = 2, quando foram para “carregar” em cima do Cabo Milº. Piloto que tinha lá ficado no fim de semana, que também não era burro e andava em alerta máxima, o mesmo tinha acabado de dar à soleta para parte incerta, o que veio a confirmar ainda mais as suspeita dos investigadores.
Sobre o outro pessoal já não me lembro ao certo do que se passou, mas acho que prenderam um e o outro também conseguiu fugir.
Segundo a mesma fonte, a versão mais benigna quanto à intenção dos autores do acto, que tudo fizeram para não causar baixas humanas, tal e tal... também deve ter origem em mentes mais ou menos intectualmente de duvidar porque tendo em consideração alguns pressupostos, no mínimo, essas tais “boas” intenções podem cair pela base.

A saber:
- O rebentamento deu-se por volta das 4 da manhã. (depois da hora de fechar o bar, sem ser o pouco pessoal de serviço não havia “viva” alma por aquelas bandas a não ser o sentinela que estaria de reforço nas traseiras da casa da guarda).

- Rebentaram 1/3 das bombas, se têm rebentado todas, o que seria? Possivelmente até a torre de controlo teria caído e o “desgraçado” do OPC de serviço, que dormia no Posto Rádio era capaz de ficar magoado.

- Segundo outras informações, o sistema estava preparado para detomar de duas maneiras, se por algum motivo não tivesse rebentado por sistema de relógio, rebentaria por acção da abertura dos portões e sendo assim, quem nos garante não atingiria ninguém aquela hora da manhã. (cada um que fique com o que lhe parece).

Estou quase certo que, mesmo passados todos estes anos, possivelmente, ainda me venha a cair em cima algum estilhaço daqueles que ainda não “aterraram”, mas não faz mal.

Também tenho a certeza que, com o profissionalismo, rigor de formação e meios tecnológicos à disposição dos nossos PA`s da nova geração, actos como estes são praticamente impossíveis, mas nunca fiando, quem vê caras não vê corações e ontem como hoje, há gente capaz de tudo e por isso, OLHINHOS BEM ABERTOS RAPAZEADA.

E mais não digo, este assunto está encerrado.

Um abração de amizade

Loureiro/68

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