sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

BA6 1981/1982

Numa movimentada manhã de segunda-feira era ver, na "hora de ponta", o regresso de fim-de-semana, do pessoal da Base, entrando à Porta de Armas. Como todos sabemos, toda a gente tinha que apresentar o "passe ou cartão individual" de identificação aos PAs de serviço naquele posto. Lembro-me que eu era o chefe de posto e tinha, comigo, mais cinco elementos de serviço, de entre os quais o SOLD/SG/PA Vieira ( Bizela) e o SOLD/SG/PA Martins (o Timtim).

Hora muito movimentada, aquela, para quem se encontrava de serviço. Ele eram viaturas particulares, ele eram peões que entravam na Unidade, ele eram autocarros e carros da obras, ele eram identificações, encaminhamentos, esclarecimentos, uma ou outra verificação, etc, etc......( todos vocês sabem.....). Eis quando começo a ouvir uma gritaria estridente lá para o outro lado do Portão de acesso, em local diametralmente oposto ao gabinete da identificação e controle. (o posto da P.Armas não tinha a exacta configurança que agora apresenta).

O que se passaria? Vou ver de imediato, quando encontro o Vizela e o Timtim a revistarem detalhadamente (sim, detalhadamente......) um suposto militar que, no meio da confusão, tendo-se esquecido co seu Cartão de Circulação Interna (CCI) tinha tentado ludribriar o controle de entradas, a par de esconder, nas suas roupas, pelas calças e casaco, uma caçadeira de cal. 12 (que se apurou, mais tarde, intender ver a ser utilizada, no interior da Base, para caçar coelhos).

Claro que os olheiros Bizela e Timtim, quais atentos gaviões, não tinham deixado escapar nada e, só para se certificarem, enquanto um (o Bizela) prendia o sujeito pelos colarinhos, quase (literalmente) levantando-o no ar, o Timtim, mais delicado, baixara-lhe as calças e as cuecas examinando, no momento, quando ali cheguei, o interior dos sapatos do individuo, com todo o pormenor.

Bom, apurou-se que o então oficial subalterno em questão tinha tentado efectuar tudo o que acime referi. O caso foi devidamente processado e seguiu seus trâmites. O nosso pessoal ficou todo orgulhoso pelo bom serviço executado e moralizado para acções futuras.Um destes dias, numa missão de serviço efectuada no estrangeiro, qual não é o meu espanto quando identifico, o tal sujeito que referi, numa das nossas missões diplomáticas pelo mundo espalhadas.

Ainda era militar da FAP. Ao avivar-lhe a memória, de pronto recordou o episódio, com um largo sorriso, gabando a iniciativa e zelo demonstrados pelos Bizela e Timtim. Foi bom. E eu fiquei muito orgulhoso, claro. Camaradas Vieira e Martins, se por acaso lerem estas linhas, fiquem sabendo que esta acção perdurou na memória de alguns, após tanto tempo.

SCH/PA Manuel Calçada

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